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90 anos de idade e 75 com a Marrabenta na alma

14 De Agosto de 1927, em Marracuene, a cerca de 30 km de Maputo, nascia Dilon Ndjindji. Nem pela natureza nem pela origem se imaginaria que se tornaria um grande ícone da música moçambicana.

Dilon Ndjindji tornou-se compositor, intérprete, coreógrafo e bailarino com forte influência no estilo musical Marrabenta. Um estilo que teve várias etapas na sua evolução.

A Marrabenta terá tido origem na região sul de Moçambique como demonstrado pela língua utilizada e pela maioria dos seus praticantes que são todos oriundos desta região que comporta Maputo, Gaza e Inhambane. O nome Marrabenta provem de rebenta, associada ao dançar em excesso. Nas décadas de 30 e 40 na Mafalala, um dos principais bairros suburbanos da então Lourenço Marques, terá surgido o nome Marrabenta.

A estilização da Marrabenta terá resultado da combinação do movimento migratório de Moçambique para a África do Sul e vice-versa, realizado predominantemente por indivíduos de origem rural que emigravam para as minas sul-africanas à procura de melhores condições de vida.

Bem, retratos históricos à parte, pois essa viagem pelo tempo leva-nos à Marracuene, onde aos doze anos de idade Dilon Ndjindji construiu a sua própria guitarra de três cordas com uma lata de azeite. Não foi por acaso, três anos depois ganhou a sua primeira guitarra e começou a tocar em casamentos e festas. Já existiam tendências do estilo.

Da sua história, consta que, em 1945, concluiu os estudos secundários e a seguir frequentou um curso de estudos bíblicos na Missão Suíça, em Marracuene. Em 1947 foi pastor na Ilha Mariana, actual Ilha Josina Machel, na província de Maputo.

Em 1950, foi trabalhar como mineiro para a África do Sul, de onde regressou definitivamente em 1954 para Moçambique. Em 1958 Dilon Ndindji junta-se a sua atcual esposa Alice Macanane, com quem começou a dançar nos anos 60 quando criou o seu próprio grupo musical ‘’Estrela de Marracuene’’. Com sua esposa Dilon Ndjindji teve oito filhos. É avó de mais de 20 netos e bisavó de mais de 10 bisnetos.

Gravou o seu primeiro álbum, denominado Xiguindlana, em 1973, através da casa discográfica Produções 1001, Dilon se notabilizou pelo seu espírito energético e protagonista com músicas que retraram situações sociais. É impossível descreve-lo sem mencionar sucessos musicais como “Podina”, “Maria Teresa”, “Muhinhana” e “Marracuene”.

Em 1994 ganhou o N’goma Moçambique, um concurso da Rádio Moçambique, na categoria de Canção Mais Popular, com a música “Juro Palavra d’Honra, Sinceramente Vou Morrer Assim´´

Já foi homenageado por diversas instituições públicas e privadas do país. O destaque vai para a “Medalha de Mérito de Artes e Letras”, atribuída pelo Governo.

Em 2004 participou do filme “Marrabentando – As Histórias que a Minha Guitarra Canta”, Juntamente com António Marcos, produzido por Karen Boswell. Em 2013 foi publicado o livro “Vida e Obra de Dilon Djindji”.

A sua carreira internacional começou em 2001, como membro do grupo Mabulu. E em 200 gravou o seu primeiro trabalho internacional, a solo, ‘’Dilon’’. O seu talento é incontestável e reconhecido por vários músicos. Dilon é também membro da Associação dos Músicos Moçambicanos

Participou na criação e em todas as edições do Festival Marrabenta e demais

Espetáculos no país e no estrangeiro.

Este ano, Dilon completa 91 anos de idade e mais de 70 anos de carreira. O músico é a figura de cartaz da 11ª edição do Festival da Marrabenta, realizado todos os anos em Marracuene. O concerto vai fazer uma retrospectiva musical ao som do conceituado “ rei da marrabenta”.

O tributo reflecte a dedicação, persistência e o contributo do músico Dilon Ndjindji na valorização da Marrabenta.

Mais de 30 artistas farão parte do concerto esta sexta-feira, na Vila de Marracuene. É tradição anual. Afinal, foi a terra que viu nascer, crescer, brilhar e firmar as origens, o ícone da Marrabenta, Dilon Ndjindji. Um nome que muito reflecte e se confunde com a própria Marrabenta.

A idade parece-lhe fazer jus à experiencia. Passam-se anos e Dilon sabe a um bom vinho, diga-se, na linguagem popular, quanto mais velho, melhor.

 

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