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Wedson Nyirenda: o homem que se segue no Chiveve

Estalou o verniz na Beira com a não renovação do contrato com Akil Marcelino, treinador que levou o clube ao segundo lugar no campeonato nacional. Nos bastidores, questionou-se, em tom de espanto e indignação, a decisão da Direcção do Ferroviário da Beira.

Certo, e mesmo sem aprofundar, é que o elenco de Valdemar Oliveira justificou que há objectivos desportivos que não foram cumpridos. E, na manhã do quinto dia do frenético mês de Dezembro, veio o anúncio de quem será doravante o maquinista.

É nada mais nada menos que Wedson Nyirenda, treinador zambiano que assinou contrato com os “locomotivas” do Chiveve por uma temporada. É o regresso a uma casa que bem conhece, até porque já orientou o Ferroviário da Beira na temporada 2015-2016, na altura dirigido por Boaventura Mahave.

Aliás, a sua saída foi precisamente para poder assumir o comando técnico da Zâmbia. Na altura, Wedson Nyirenda deixou o Ferroviário da Beira na segunda posição do Moçambola com 43 pontos a seis do líder União Desportiva do Songo, quando faltavam seis jornadas para o fim da prova.

Com a sua saída, Aleixo Fumo (ndr: hoje um dos dirigentes do clube) assumiu as rédeas e sagrou-se campeão nacional de futebol pela primeira vez na sua história, após vencer a União Desportiva do Songo por um a zero, com um golo de ouro de Moniz aos 29 minutos.

O treinador zambiano chegou ao futebol moçambicano em 2013 pela porta da União Desportiva do Songo, tendo permanecido no clube apenas uma temporada.

QUEM É NYIRENDA?

Wedson Nyirenda foi seleccionador nacional de futebol da Zâmbia entre Janeiro de 2017 e Maio de 2018.

Nyirenda dirigiu a Zâmbia na etapa final da campanha de qualificação para Copa do Mundo de 2018, onde terminou em segundo lugar no grupo do qual faziam parte pesos pesados ​​como a Nigéria, Argélia e Camarões.

Outrossim, foi um dos gestores da equipa sub-20 da Zâmbia que conquistou o Torneio COSADCA da categoria, na África do Sul.

Esteve também no comando da Zâmbia no Campeonato das Nações Africanas (CHAN). Sob sua gestão, a equipa venceu a Costa do Marfim terminando na 1ª posição no grupo à frente da Costa do Marfim. Nos quartos-de-final, os zambianos perderam diante do Sudão, mas foram elogiados por terem apresentado “um estilo de futebol atraente”.

Em Abril de 2018, Wedson Nyirenda foi um dos 77 candidatos a assumir o cargo vago de seleccionador nacional dos Camarões.

Em Maio de 2018, o técnico assumiu o Baroka F.C da África do Sul. Mais tarde, precisamente em Julho de 2020, foi indicado como treinador do Dínamos de Lusaka. Conta ainda com uma passagem pelo Zanaco. Nascido a 23 Novembro de 1966, Nyirenda jogou como avançado no Nchanga Rangers e Power Dynamos na Super Divisão MTN. Em 1993, representou o gigante e histórico Kaizer Chiefs da África do Sul.

 

AKIL: A QUEDA DE UM VICE-CAMPEÃO

Está confirmado. Akil Marcelino já não é treinador do Ferroviário da Beira. Mesmo depois de ter levado o clube ao segundo lugar no Moçambola-2021 com 53 pontos, menos cinco que a Associação Black Bulls (inédito campeão nacional), Marcelino não vai continuar no Chiveve por não ter cumprido, alegadamente, os objectivos traçados pela Direcção do Ferroviário da Beira.

Em 26 jornadas, o Ferroviário da Beira contabilizou 16 vitórias, cinco empates e igual número de derrotas, tendo ainda um registo de 37 golos marcados e 19 sofridos.

Com o segundo lugar alcançado, Akil Marcelino assegurou a qualificação dos “locomotivas” do Chiveve para a próxima edição das “Afrotaças”

Curiosamente, dos 14 clubes que disputaram o campeonato nacional de futebol apenas três não despediram os respectivos treinadores, nomeadamente Ferroviário da Beira (Akil Marcelino), Black Bulls (Hélder Duarte) e Ferroviário de Lichinga (Antoninho Muchanga).

Para além de Akil Marcelino, Rockssana Guente (treinador de guarda-redes) e Amisse Barros, figuras que faziam parte da equipa técnica e com contrato válido por uma temporada, não renovaram os respectivos contratos.

Akil Marcelino chegou ao comando do Ferroviário da Beira em Janeiro de 2020, numa contratação anunciada com pompa e circunstância pela direcção liderada por Valdemar Oliveira.

O técnico fora contratado depois de ter trabalhado no Ferroviário de Nampula, onde teve uma época atabalhoada, alcançando a manutenção apenas na última ronda do Moçambola.

“Para ser timoneiro do Ferroviário da Beira, é preciso ter objectivos que são resultados desportivos. Nós desenhamos um portfólio em função daquilo que queremos na próxima época.”

Lembre-se que, nos bastidores, falava-se da contratação de Horácio Gonçalves, treinador que teve uma passagem inglória pelos Mambas, mas tal foi descartado pela direcção do clube.

O Ferroviário da Beira, sabe-se, não irá contar com os préstimos de Dayo, uma das referências nos “locomotivas” nos últimos anos.

O projecto futuro passa por renovar a equipa, injectando sangue novo e apostar na juventude para atacar títulos.

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