A cada 100 pessoas vivendo com HIV/SIDA no país, 28 não sabem que estão infectadas. O Ministério da Saúde, em parceria com a FDC, pretende inverter o cenário, com o lançamento, hoje, da campanha “Testa lá: conhece o teu estado de HIV”.
No ano passado, mais de 48 mil pessoas morreram, em todo o país, vítimas do HIV/SIDA. Estes números podem aumentar, pois, segundo o inquérito nacional sobre o impacto do HIV/SIDA de 2021, há ainda um grande número de cidadãos que não conhecem o seu estado.
Os dados foram apresentados pelo Secretário Permanente do Ministério da Saúde, Ivan Manhiça, que falava de compromissos assumidos por Moçambique, para atingir 95 por cento para controlar a epidemia: 95% das pessoas conheçam o seu estado, 95% dos que conhecem o seu estado devem fazer o tratamento antirretroviral e 95% das pessoas em tratamento devem atingir a supressão viral.
Mas, em relação à testagem, a meta não foi alcançada, estando fixada em 71,6 por cento.
“A cada 100 indivíduos vivendo com HIV/SIDA no nosso país, apenas 72 conhecem o seu sero-estado. Os restantes não conhecem o seu estado e, por consequência, poderão não tomar as medidas mais adequadas de prevenção da doença e perpetrando, eventualmente, a sua transmissão”, explicou Ivan Manhiça.
Preocupado, o Ministério da Saúde, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Comunidades (FDC), lançou, hoje, a campanha “Testa lá: conhece o teu estado de HIV”, no âmbito do Aconselhamento e Testagem em Saúde (ATS).
Segundo a fonte, o objectivo central da campanha nacional é promover a consciência social sobre a necessidade de testagem do HIV, nas suas diferentes abordagens, e estimular a procura dos respectivos serviços para o conhecimento do sero-estado, permitindo, assim, que as populações prioritárias para o aconselhamento e testagem em saúde, no país, incrementem o nível de conhecimento sobre o risco de infecção pelo HIV e sobre a importância da testagem.
São prioritários os grupos de adolescentes e jovens dos 10-24 anos (rapazes e raparigas); mulheres grávidas, lactantes e seus parceiros sexuais; contactos directos de caso índice (parceiros sexuais de seropositivo, filhos de pais seropositivos com idade igual ou inferior a 15 anos e pais de criança ou adolescente seropositivo, com idade igual ou inferior a 15 anos); e todo o utente com comportamentos, factores de risco e sinais e sintomas que sugerem a possibilidade de estar infectado pelo HIV.
“Devemos continuar a combater o estigma e a discriminação, que surgem durante esta doença, para que as pessoas se sintam estimuladas a fazer o teste e, em caso de resultado positivo, saberem aceder aos serviços de saúde disponíveis, integrar-se nos serviços e receber o respectivo tratamento disponível nas unidades sanitárias”, avançou Manhiça.
A Directora Nacional do Programa de Combate ao HIV/SIDA, Alene Couto, explicou, na ocasião, que o objectivo é massificar a testagem, mas também reforçar a prevenção.
“O que é mais sustentável para nós é que as pessoas seronegativas mantenham o seu estado, mas, para aquelas que são positivas, possam iniciar de imediato o tratamento e mantê-lo. Nós, quando iniciamos o tratamento, pretendemos reduzir a quantidade de vírus e promover a prevenção, através do tratamento”, referiu Alene Couto.
A FDC, parceiro da iniciativa, acredita estar a contribuir para a erradicação de um mal que tende a prejudicar maioritariamente os jovens.
“É nossa convicção e expectativa que a campanha, cujo lançamento iniciamos hoje, merecerá o devido acompanhamento, monitoria e avaliação pelos grupos especializados ao nível do Ministério [da Saúde], para que não caia em monotonia e afrouxamento, passando à dos seus propósitos primordiais, massificação da testagem e realização das metas nacionais neste domínio, consagradas nos planos sectoriais e inspiradas nos compromissos internacionais subscritos pelo país”, disse Diogo Milagre, administrador-delegado do FDC.
Os trabalhadores de sexo, raparigas dos 10 aos 24 anos de idade, camionistas de longo percurso, militares e mineiros são alguns dos grupos vulneráveis a que a campanha dará mais enfoque.
Destaque-se que, actualmente, 100% das unidades sanitárias do país oferecem os serviços de aconselhamento e testagem em saúde, entretanto o alcance dos primeiros 95 constitui um dos principais desafios, sendo que dados do INSIDA (2021) apontam que apenas 71,6% das pessoas que vivem com HIV conhecem o seu estado serológico.