Decorrente do ciclone Gombe, na província da Zambézia, para além de feridos, várias infra-estruturas ficaram destruídas. O destaque vai para 15 salas de aula e sete casas de culto. Igualmente, está cortado o acesso aos distritos de Mocubela e Pebane, devido ao galgamento das águas do rio Nipiode.
As autoridades estão no terreno a fazer levantamento dos danos, uma vez que continua a chover e as previsões indicam que, a partir desta segunda-feira, a chuva poderá cessar.
Pelo menos 717 famílias, o correspondente a perto de três mil pessoas, ficaram afectadas pela passagem do ciclone Gombe na província da Zambézia. Há registo de 17 feridos por conta do desabamento parcial de 324 casas construídas de barro e estacas. 82 casas ficaram totalmente destruídas. Neste momento, há registo de 204 casas inundadas devido à chuva que está a cair.
Os técnicos do Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD) e parceiros estão no terreno a monitorar os impactos da chuva que cai. Nelson Ludovico, delegado provincial do INGD, fez saber que foram criados dois centros de acomodação provisória, com mais de 250 famílias.
“A chuva provocou corte no acesso aos distritos de Mocubela e Pebane, devido à fúria das águas que galgaram a plataforma sobre o rio Nipiode. A situação também está complicada na ligação entre os distritos de Gilé e Mulevala, povoados de Mulela a posto de administrativo de Namuburi, a sensivelmente 62 quilómetros do distrito de Pebane”, referiu Nelson Ludovico.
“Temos também 15 salas de aula destruídas parcialmente, sete casas de culto não escaparam aos efeitos das intempéries, cerca de nove hectares de culturas de rendimento das famílias estão inundados, mas esperamos que, com as previsões de chuvas intensas, a situação venha a inverter-se para que as famílias não saíam prejudicadas no processo produtivo”, disse Nelson Ludovico.
Sobre o distrito de Pebane, o administrador Eduardo Vida fez saber que, com o desabamento do aquedo que liga o povoado de Mulela e o posto administrativo de Naburi, a grande preocupação que se coloca é o abastecimento de produtos aos mercados locais. “É verdade que, neste momento, ainda não temos alarmes e estamos a monitorar. Ainda bem que os quadros da ANE estão já no terreno a avaliar a situação para possível intervenção de forma urgente”, referiu o governante.
RESGATADA MAIS DE UMA CENTENA DE FAMÍLIAS
Mais de 150 famílias foram desalojadas das suas casas ao longo da noite de sábado para domingo, ao nível do distrito de Quelimane, província da Zambézia. As famílias são provenientes dos povoados de Cubi, Mitiburi, Mazwere e Ceresse. Sucede que a chuva dos últimos três dias deixou aquelas unidades residenciais inundadas. As referidas famílias contam que a água chegou subitamente à noite. Contaram que a operação de salvamento foi feita pelo INGD que alojou as famílias nas escolas.
“Chegamos até aqui através das pequenas embarcações alocadas pelo INGD. A noite foi dura, perdemos a nossa comida, animais e outros pertences. Se não tivéssemos tido este apoio no salvamento, talvez estaríamos com piores cenários em termos de perda de vidas humanas. Estamos agradecidos pelo apoio prestado no processo de resgate das famílias”, disse Carlita Meque, uma mãe que foi alojada numa das salas da escola do posto de Maquival.
Tomé Charles, director da Saúde do distrito de Quelimane, fez saber que as famílias irão receber redes mosquiteiras para tratar água. “Como estamos a ver, são muitas famílias aqui, teremos de reforçar o processo de higiene individual e colectiva enquanto estiverem aqui, para que não tenhamos doenças de origem hídrica. Vamos aprovisionar tudo o que for necessário para as famílias, desde medicamentos e outros materiais”, disse o director, sublinhando que “há mais de dois anos que não se registam doenças diarreicas agudas em Quelimane, daí que se vai apertar o cerco com o aglomerado”.