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1534 criminosos fugiram da Cadeia Central de Maputo

Um total de 1534 criminosos condenados, dos quais 29 terroristas, fugiram da Cadeia Central de Maputo, na tarde de quarta-feira, em resultado de tumultos provocados por manifestantes, segundo declarou o Comandante-geral da PRM. Bernardino Rafael explicou que do trabalho feito, 150 reclusos foram recuperados, 33 morreram e 15 ficaram feridos. Rafael acautela que, caso os criminosos não retornem à cadeia, o índice de criminalidade na cidade e província de Maputo poderá aumentar, nos próximos dias.

Em entrevista exclusiva ao “O País”, nesta quarta-feira, reagindo à evasão de reclusos da cadeia Central de Maputo, na província com o mesmo nome, a ministra da justiça, Helena Kida, disse que a fuga foi orquestrada a partir de dentro da cadeia.

“Começou a haver esta convulsão da parte de dentro do estabelecimento para fora. A notícia que dá a indicação de que houve manifestantes do lado de fora não é verídica. Não foi essa a situação. A situação foi mesmo de dentro do estabelecimento penitenciário, onde houve esta agitação”, explicou a gestora da pasta da Justiça.

Sucede que, às 20 horas da mesma quarta-feira, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique convocou a imprensa, para apresentar a sua versão sobre os contornos da invasão ou evasão.

Pelas palavras de Bernardino Rafael, os 1534 reclusos foram libertados violentamente e de forma subversiva.

“As circunstâncias que se deram na invasão foi que, cerca das 13 horas de hoje (quarta-feira), um grupo  de manifestantes subversivos aproximou-se às imediações daquele estabelecimento prisional,  fazendo barulho às suas manifestações, exigindo que pudessem retirar os presos que ali se encontram a cumprir as suas penas.  Esta agitação de fora provocou as emoções dentro da cadeia que propiciou o desabamento do muro que separa a BO (nome dado a Cadeia de máxima segurança) de outra cadeia ao lado.  Estes [os reclusos da cadeia ao lado da BO] aproveitaram para passar do outro lado da BO, onde criaram agitação e começaram a assentar a fuga pelas portas do outro lado”, explicou.

A autoridade informou ainda que, durante este episódio, o inevitável ocorreu, confrontação entre os agentes penitenciários e os manifestantes, que libertaram 1534 reclusos, dentre eles 29 terroristas condenados.

“Resultou em 33 óbitos, na confrontação directa com os reclusos, nas imediações da cadeia Central e 15 feridos. Nas operações seguintes de busca e de recuperação de alguns bens pertencentes aos serviços penitenciários, conseguiu-se deter ou recuperar ou recapturar 150 reclusos, que, neste momento, estão em algumas esquadras, mas já a serem devolvidos para a cadeia central.”

Ora, porque na cadeia central estavam presos, também, terroristas e sequestradores, contrariamente ao habitual, onde os criminosos mais perigosos ficam detidos na B.O, o comandante-geral da PRM questiona o objectivo da sua libertação.

“Se calhar, os organizadores dessas manifestações subversivas poderão dizer porque razão optam por estas acções de libertar os condenados. Lamentavelmente, alguns condenados que estão forçados a serem libertados são aqueles que têm pena quase concluída.  Uns deviam sair no próximo mês, já cumprir as suas penas e são forçados a sair de forma violenta e subversiva.”

Mas não foi apenas em Matola, houve outras ações criminosas, noutros pontos do país.

“Só nas últimas 24 horas, os manifestantes invadiram a cadeia de Manhiça, libertaram os presos que lá se encontravam, fizeram tentativa de libertar os condenados que estão na cadeia de Mabalane, por último, às 14 horas, atacaram e libertaram parte dos reclusos na cadeia central de Matola. Pedimos a toda a população moçambicana, sobretudo a da cidade e a província de Maputo, para que denuncie esse movimento estranho das pessoas que foram libertadas premeditadamente na cadeia central de Maputo, na cidade de Matola. Estamos certos das interpretações que podem advir, mas para nós o importante é o sossego”, declarou Bernardino Rafael.

O comando-geral apela aos criminosos a retornar, voluntariamente, à cadeia, mas também quer o apoio da população.

“Como podem imaginar a comunidade moçambicana ou a população da cidade e da província de Maputo, o que se espera depois da saída de 1 534 reclusos, que cometeram altos crimes no país. Então, nós esperamos nas próximas 48 horas uma subida vertiginosa da criminalidade na cidade de Maputo. Todo tipo de criminalidade, porque aqueles são especialistas em todo tipo de criminalidade, significa que vai subir o crime de roubo, assalto, violação de mulheres, roubo de viaturas, assaltos a mão armada, incluindo raptos, porque aquelas pessoas que saíram, alguns dos quais foram condenados por raptos”.

Bernardino Rafael apelou ainda a população a parar com a invasão, saque e destruição de estabelecimentos comerciais, para a retoma da ordem e tranquilidade públicas.

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