Os operadores da província da Zambézia estão a debater-se com problemas de mercado para colocar produtos florestais, nomeadamente a madeira. Sucede que os preços a nível internacional, com destaque para a China, baixaram drasticamente, o que não ajuda as empresas do ramo.
Outro facto é que esta província do Centro do país está a passar por dificuldades no que à utilização do Porto diz respeito, para facilitar a logística dos operadores. Ou seja, os preços de escoamento da Madeira são relativamente caros actualmente, tendo em conta que os operadores devem recorrer aos portos de Nacala, na província de Nampula, e Beira, na província de Sofala, encarecendo os custos de transportes.
O Porto de Quelimane, na província da Zambézia, funciona a meio gás, já que não recebe navios que transportam madeira para a Ásia e o resto do mundo.
Dilton de Oliveira, chefe do departamento de florestas, nos serviços províncias do ambiente, diz que “o facto de a província da Zambézia não ter porto para receber navios que transportam aquela mercadoria coloca baixa no volume explorado anualmente”. E diz mais: “Só para se ter uma ideia, se antes a província chegava a arrecadar 30 milhões de Meticais por ano, hoje os números não vão para além da metade, 15 milhões de meticais”.
Para Dilton de Oliveira, para quem urge a viabilidade do Porto no manuseamento daquele tipo de carga, não só para apoiar os operadores mas também para reavivar a economia da província, “este facto ilustra um revés da contribuição da província na arrecadação de receitas aos cofres do Estado”.
A nossa fonte refere, ainda, que os operadores florestais da província são, para além do Estado, os mais prejudicados no processo de exploração da madeira.
“Veja que muitos operadores tinham na madeira a principal fonte de renda das suas famílias, mas hoje, por causa da falta de um porto que manuseie aquele tipo de carga na nossa província, coloca aquele grupo social falido, já que muitos não têm dinheiro para escoar o recurso para as províncias de Sofala, Nampula ou até Maputo, que têm sido os principais mercados, por falta de dinheiro para este feito”, disse Dilton.
Os operadores florestais ouvidos pela nossa reportagem dizem que o levantamento da suspensão da madeira do tipo “pau ferro” pelo Governo central poderia minimizar a escassez de recursos financeiros por parte dos empresários do ramo, já que aquela espécie florestal tem um valor comercial relevante no mercado internacional. Contudo, a exploração daquela espécie em Moçambique ainda é proibida por lei desde o ano 2016, através de um diploma ministerial.
Com a abertura da campanha de exploração florestal em 2024, a província espera licenciar 60 operadores, contra 55 do ano passado. No ano passado, a província da Zambézia movimentou cerca de dois mil metros cúbicos de madeira, contra mais de 15 mil que produzia há cinco anos.
Vários factores estão por trás da situação, nomeadamente os aspectos financeiros por parte dos operadores para fazer a logística, disponibilidade do porto, entre outros.
O delagado da Agência da Qualidade Ambiental (AQUA) na Zambézia, Albazine Majunguele, diz que a instituição tem estado a fazer campanha preventiva junto dos operadores para reduzir casos de exploração ilegal.
No entanto, Zambézia lançou a campanha de exploração florestal. Nos últimos quatros anos, o governo da província disponibilizou mais de 20 milhões de Meticais para as comunidades, provenientes dos 20% da taxa de exploração florestal.