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William Ruto quer eliminação de visto entre Moçambique e Quénia

O Presidente do Quénia quer eliminar o visto exigido para que os cidadãos possam sair de um ponto para o outro, como forma de garantir a fluidez de investimentos entre os dois. A vontade foi expressa no contexto da visita do Chefe de Estado queniano a Moçambique.

É a primeira vez que William Ruto pisa o solo moçambicano, mas não é a primeira visita de um Chefe de Estado queniano a Moçambique. Ruto foi recebido, hoje, pelo seu homólogo moçambicano, Filipe Nyusi.

Nyusi recebeu o seu homólogo no pátio da Presidência e levou-o para o seu gabinete. Já no Gabinete da Presidência moçambicana, os dois Chefes de Estado mantiveram conversações cujos resultados vieram a ser conhecidos logo a seguir com a assinatura dos instrumentos legais respectivos.  

Foram vários, com destaque para o acordo de troca de cartas de condução. Este acordo permitirá que um cidadão com carta de condução moçambicana conduza nas estradas quenianas e vice-versa. Mas há outros acordos assinados, como, por exemplo, o da assistência mútua em matérias penais, transferência de pessoas condenadas, cooperação em matérias de energia, economia azul e pescas, desenvolvimento da capacidade do sector público e outros. Isso é o que foi fechado nesta sessão, mas as relações são de longa data. 

Filipe Nyusi, já na conferência de imprensa conjunta, lembrou-se do apoio que o Quénia deu a Moçambique há mais de quatro anos no combate ao terrorismo. Aliás, revelou que, afinal, “antes da vinda das forças estrangeiras empenhadas em Moçambique, já estávamos a trabalhar com o Quénia”.

Para demonstrar isso, o Chefe de Estado recorda o ataque de Março de 2021, que, segundo ele, “foi repelido por uma unidade especial que foi treinada pelo Quénia”.

E há mais em que os dois países podem cooperar. Por exemplo, na área do turismo. “Moçambique mostrou interesse de formar os seus quadros no Quénia na área do turismo A República do Quénia tem sido uma referência neste aspecto; aliás, muitos hotéis, em Maputo, quando são inaugurados, têm gestores quenianos”, revelou o Presidente Nyusi.

O pedido foi prontamente respondido. O Quénia ofereceu 100 bolsas de estudo na área de hotelaria. Mas não se termina por aí. William Ruto fala da necessidade de se reduzirem burocracias na interacção entre os dois países.

A primeira barreira burocrática é o visto. Nesse sentido, diz Ruto, “gostamos que os nossos dois países tenham dado o pontapé de saída para a abolição do visto entre os dois”.

William Ruto não deixa de reconhecer os riscos que isso apresente. “Sei que, às vezes, quando fazemos isto, os criminosos tiram vantagens dessa situação, mas estou feliz que, hoje, tenhamos acordado como eliminar as pessoas más, para que permitamos que boas pessoas usem as facilidades que estamos a imprimir, incluindo a abolição do visto”.

O Presidente do Quénia recordou também a importância do Acordo de Zona de Comércio Livre em África. Um assunto que já tinha sido levantado pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros na segunda comissão mista dos dois países.

“Estamos a esforçar-nos para resolver os assuntos ligados ao Acordo da Zona de Comércio Livre, como um mecanismo maior de consolidação da nossa posição como um continente, e melhorar o ambiente para que os nossos povos façam comércio, negócios e efectuar o seu empreendedorismo.”

A visita de William Ruto a Moçambique continua. Esta sexta-feira, os dois Chefes de Estado deverão presidir a um fórum de negócios entre os dois países, em Maputo.

MOÇAMBIQUE E QUÉNIA CONDENAM GOLPE NO NÍGER

Moçambique e o Quénia apoiam qualquer intervenção que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) decida fazer para devolver o Presidente deposto no Níger, Mohamed Bazoum, pelos militares através do Golpe de Estado. Os dois presidentes reflectiram sobre este assunto no encontro de ontem e sobre outro conflito, que é o do Sudão.

Sobre este último, Filipe Nyusi disse que “Moçambique condena e apoia a União Africana”. Enquanto isso, o Quénia diz que o seu país acredita que “que o conflito no Sudão não tem sentido e é desnecessário. E o tipo de destruição da vida, propriedades e infra-estruturas não é justificável de qualquer forma”, disse William Ruto.

Esta quinta-feira, a CEDEAO reuniu-se para decidir sobre uma possível intervenção na situação de golpe de Estado no Níger. Os dois Chefes de Estado apoiam qualquer decisão condenatória que saia do encontro.

“A nossa posição colectiva é que nós apoiamos a CEDEAO e as intervenções que estão a ser feitas para garantir que evitamos e resistimos ao deslize para ditaduras militares e remoção inconstitucional de governos”, disse William Ruto.

O Presidente da República secundou dizendo que o “continente e o mundo evoluíram para uma fase em que os poderes são transferidos pacificamente através das eleições e nenhum país se deve dar ao luxo de atrasar o desenvolvimento ou evoluir de forma inconstitucional”.

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