Especialistas em matérias da indústria extractiva dizem que volvidos 16 anos, a actuação da Vale em Moçambique gerou mais perdas que ganhos. Para os especialistas, não tinha como Tete ser o “El Dourado” porque o Governo moçambicano não tinha uma agenda de fazer daquela província uma zona deveras desenvolvida.
Segundo avançou o economista, Thomas Selemane, as movimentações de grande capital por parte das mineradoras que operam no país foram resultantes de uma dinâmica internacional que Moçambique, do seu lado, não conseguiu domesticar e, também, não conseguiu construir uma agenda própria para controlar a dinâmica da actividade extractiva.
O economista destaca como um dos grandes problemas o facto de o Governo moçambicano não ter esboçado estratégias sob o ponto de vista de alternativas de desenvolvimento.
“Nunca houve uma discussão nacional sobre as diferentes alternativas de desenvolvimento. O país disponibilizou-se a receber os investimentos dos investidores do carvão sem que internamente houvesse uma discussão genuinamente moçambicana que pudesse colocar em diferentes perspectivas os problemas que a extração traz e todas as consequências a volta”, explicou Selemane.
Por seu turno, o investigador Boaventura Monjane diz que o que foi perdido em Tete, com a actuação da indústria extractiva, é mais que o que foi ganho.
“Tete não foi o El Dourado porque o extrativismo, na sua essência, quando acontece em países periféricos como Moçambique acaba não beneficiando os outros sectores da vida nacional”, disse Monjane acrescentando que “aquilo que se perdeu em Tete acaba sendo maior do que o que se ganhou”.
Boaventura Monjane apontou para a perda de biodiversidade, perda de meios de subsistência, perda de emprego, entre outros, como consequências da extracção mineira em Moçambique.
Os especialistas falavam, ontem, no programa Noite Informativa da STV Notícias.