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Vítimas das inundações sentem-se desamparadas pelo Município de Maputo

Foto: O País

O jornal “O País” esteve em alguns bairros da capital do país e as vítimas dizem que não estão a ser assistidas pelas autoridades. Além disso, as casas estão inundadas pelo quinto dia consecutivo e os residentes passam dias e noites no meio da água.

Foram-se os três dias de chuva na capital do país e, no terreno, ficaram os seus estragos. É o quinto dia consecutivo em que casas de alguns bairros da Cidade de Maputo continuam inundados.

Uma situação que contraria o que o velho adágio diz: “depois da tempestade vem a bonança”. Isso porque depois da chuva, a tranquilidade está muito longe das zonas ainda inundadas.

O mau tempo passou, mas os relatos de dias difíceis e noites mal passadas por conta das inundações urbanas continuam com o mesmo peso. “Estamos a lançar um grito de socorro. Conforme estão a ver, desde que a chuva caiu, estamos a viver na água. Há dias ou meses, não tínhamos água dentro da casa, mas, neste momento, há, dormimos na água e acordamos nela”, contou Olga Alexandre, uma das vítimas das inundações urbanas na Cidade de Maputo.

Dormem e acordam na água, uma condição alheia à sua vontade! As vítimas sentem-se desamparadas pelo Conselho Municipal de Maputo. “A situação está muito complicada. Só lançamos o grito de socorro para que quem de direito possa ajudar-nos com esta situação”, apelou Olga Alexandre, secundada por Rosa, outra vítima: “Estamos a passar muito mal devido a essa água. Estamos a passar mal. Estamos a precisar de ajuda. Estamos a passar mal devido à essa água”, clamou de forma insistente.

E uma das pessoas que está a passar mal por conta da água da chuva é Celeste Sidónio que teve de abandonar a casa principal, junto dos seus quatro filhos, para dormir numa barraca.

“Mesmo assim, tenho que ir à casa principal porque a roupa, comida e casa de banho estão doutro lado, onde não podemos estar porque tudo está inundado. A água entrou nos quartos e na sala. Na barraca, não há condições, mas não temos o que fazer”, lamentou Celeste Sidónio, num tom de resignação.

Ajeitam-se para dormir nestas condições, mas não é o que queriam e as autoridades sabem disso, mas estão impávidas. “É muito difícil viver nestas condições. O chefe de quarteirão viu esta situação, porque vive aqui perto, mas não tem o que fazer. Não há maneira”, queixou-se Celeste Sidónio, vítima das inundações urbanas na Cidade de Maputo.

Outro aspecto que preocupa os moradores dos bairros inundados são as doenças de origem hídrica que advêm das águas estagnadas e que, inclusive, já começam a dar sinais.

“Vou dar exemplo de mim mesmo. A doença que me apareceu nos pés é a filária e, além disso, as crianças não querem ficar dentro de casa. A tendência é sempre brincar nessas águas”, revelou Hermenegildo Silima, vítima de uma das inundações na Cidade de Maputo.

E este não é o exemplo de que as doenças podem estar a andar nas águas estagnadas. “Há uma vizinha que, desde ontem (anteontem), está no hospital e não sabemos qual é a situação, porque a criança estava com diarreia e vómitos. Pode ter cólera”, acrescentou Olga Alexandre.

E a situação das inundações agrava-se porque não há valas de drenagem para escoamento da água da chuva e piorou ainda mais com a construção da Estrada Circular de Maputo.

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