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Vítimas da lixeira reclaman de morosidade no reassentamento

As famílias vítimas do deslizamento da lixeira de Hulene, que se encontram acolhidas no centro do bairro Ferroviário, activado no mesmo dia da tragédia, começam a queixar-se da falta de celeridade no processo de parcelamento de terrenos em Possulane, espaço que lhes fora garantido pelo Conselho Municipal de Maputo. Por outro lado, é a falta de privacidade uma vez que chegam a partilhar a mesma tenda cerca de 20 pessoas.

“Aqui as pessoas estão mais preocupadas em abandonar as tendas o mais rápido possível e começar a nova vida em Possulane. Cada tenda leva mais ou menos 20 pessoas e isso rouba privacidade a cada um dos ocupantes. É verdade que não falta o que comer e o que beber, mas se estivéssemos lá a vida não seria esta. Também está em curso o levantamento de dados de todos os acolhidos neste centro para se apurar quem deve ou não receber os terrenos uma vez que há um ligeiro conflito entre os inquilinos e proprietários das residências destruídas”, comentava Elina Sigaúque, representante das vítimas.

Já foram parcelados em Possulane os terrenos para acomodar as vítimas da tragédia de Hulene

Depois do trágico deslizamento de lixeira de Hulene na sequência das chuvas intensas que caíam na semana do dia 19 de Fevereiro passado, na cidade e arredores da cidade de Maputo, são várias as forças que foram activadas no sentido de apoiar as vítimas que ficaram sem teto, para além de terem perdido os seus familiares, que totalizaram 16 óbitos.

Decorridos um pouco mais de 30 dias, o Conselho Municipal de Maputo, na pessoa do seu presidente, David Simango, veio ao público dizer que continuava o processo de parcelamento de terrenos num espaço identificado em Possulane, distrito de Marracuene, na província de Maputo e que já tinham sido parcelados mais de 406 terrenos.

Seguir-se-ia à fase de abertura de ruas para, entre outros fins, permitir a construção das fontes de água uma vez que no mesmo espaço deve-se iniciar a edificação das respectivas casas. Esta segunda-feira, O País deslocou-se à Possulane onde ficou a saber através dos nativos e residentes daquele ponto que foram integrados no parcelamento, que o mesmo processo terminou na quarta-feira da semana finda, faltando ainda a abertura das vias de acesso.

“O parcelamento terminou no dia 21 de Fevereiro, quarta-feira da semana passada, e aqui foram parcelados muitos terrenos. Para nós o parcelamento é bem-vindo uma vez que o nosso bairro terá mais residentes e desta forma irá crescer. É bom ainda porque será desbravada esta terra que neste momento é o habitat de serpentes”, revelou um residente de Possulane, de nome Jaime Mazive.

Paralelamente a este processo de reassentamento definitivo das cerca de 300 famílias que encontram-se acolhidas nos centros dos bairros Ferroviário e Albazine, a multinacional Mozal disponibilizou cerca de sete milhões de meticais que foram canalizados para a compra de material de construção que compreende essencialmente sacos de cimento, chapas de zinco do tipo IBR e barrotes.

 

 

 

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