Há mulheres que sofrem vários tipos de violência durante os processos eleitorais, principalmente nas zonas rurais. A Comissão Nacional de Eleições diz que a maioria dos casos não chegam a ser reportados às autoridades competentes.
Apesar dos avanços na inclusão da mulher na política, esta continua a sofrer discriminação e violência de vários tipos, principalmente nas zonas rurais, onde o nível de escolaridade é baixo.
Quem o diz é a Organização das Nações Unidas para a Mulher, que esta terça-feira juntou-se a outras organizações para repudiar todo o tipo de violência contra a mulher nos processos eleitorais.
“Abordamos este assunto de frente e tomamos medidas concretas para desmantelar as barreiras que impedem as mulheres a se envolverem nos nossos processos políticos como candidatas, eleitoras, observadoras e outros”, disse a representante da ONU Mulheres em Moçambique.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD, diz que a violência contra a mulher não é só física, daí a necessidade do envolvimento de todos.
“Como eleitoras e candidatas, verificamos que tanto nas zonas urbanas, como nas rurais as mulheres sofrem violência baseada no género, incluindo violência psicológica e muitos papéis de género que tendem impedir a sua participação nos programas de educação cívica-eleitoral e votação”, disse.
O Presidente da Comissão Nacional de Eleições diz que a maioria das mulheres não denunciam a violência sofrida.
“Importa salientar que a mulher apesar de estatisticamente representar a maioria da população moçambicana, a condição da mulher no domínio económico, político, social e cultural ainda não lhe é favorável, devido a factores sócio-culturais, que a colocam numa posição de inferioridade, o que dita a sua fragilidade que se traduz em desvantagem comparativamente aos homens”, dom Carlos Matsinhe.
O reverendo avançou ainda que as mulheres sofrem violência eleitoral tanto dentro como fora de suas casas, inclusive dentro de seus próprios partidos políticos, e essa violência se manifesta de diferentes formas, podendo ser físicas, psicológicas, econômicas, inclusive ameaças.
“Ao contrário da violência contra as mulheres em outros contextos, a violência contra as mulheres nas eleições raramente é denunciada, nem é dada grande visibilidade.É importante notar que a violência eleitoral contra as mulheres, seja por parte dos dirigentes dos partidos políticos, dos trabalhadores das mesas de voto ou dos familiares, representa um obstáculo significativo que impede o aumento da representação das mulheres na esfera política e desenvolvimento das sociedades no geral”, desabafou.
Dom Carlos Matsinhe, falando durante a abertura do diálogo nacional sobre a violência contra as mulheres nas eleições, apelou às formações políticas a terem coragem de colocar a mulher em lugares de destaque e promover a sua emacipação.
E avança possíveis soluções:
“Eliminação de práticas sociais e culturais nocivas que limitam a participação efectiva das mulheres nos processos eleitorais; Investir na capacitação das mulheres para que participem efetivamente nos processos eleitorais; As Organizações da Sociedade Civil devem monitorar o compromisso dos partidos políticos com a igualdade de género e devem pressioná-los a implementar um sistema de quotas como ponto de partida;Promoção de eleições pacíficas e livres de violência;Reforçar a capacidade de género dos líderes dos partidos políticos.