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Vendedores do Mercado de Peixe manifestam-se em Maputo

Foto: O País

Mais de uma centena de vendedores do Mercado de Peixe, na Cidade de Maputo, paralisaram as suas actividades e amotinaram-se em reivindicação a uma alegada compensação que não foi paga pelo município com a transferência dos vendedores do antigo para o actual mercado. 

O Mercado de Peixe “acordou” sem peixe na manhã desta quarta-feira, porque os vendedores decidiram fechar as bancas para dar lugar à manifestação, onde reivindicavam supostas compensações devido à sua transferência do antigo para o novo mercado.

Em frente do mercado, cantavam, dançavam e até houve quem manifestasse mal-estar para mostrar indignação com a morosidade e exclusão no suposto pagamento das compensações. Podia-se ler, nos dísticos empunhados pelos vendedores: “Desbravamos aqui em 1985, montamos bancas e quiosques. Não há nenhuma Lei que vos cobre para nos expropriar. Paguem as devidas compensações. Até quando vamos assistir a esses desmandos?”, pergunta que fica no ar e tem eco no seio dos vendedores daquele mercado.

António Nhanala, vendedor de peixe há mais de 40 anos, diz que a sua retirada foi injusta e merecia ser compensado e espanta-se que, volvidos tantos anos depois da transferência, não estejam a receber o almejado dinheiro das compensações, alegadamente prometido pela edilidade de Maputo.

O Município de Maputo fez-se ao local representado pelo vereador de Desenvolvimento Económico Local que lida com os mercados, que, na sua primeira tentativa de apelar à população para o diálogo com os vendedores, fracassou, uma vez que estes negaram o convite do vereador – dialogar no interior do mercado.

Por um lado, há recusa ao diálogo e, por outro, há falta de clareza quanto à solução do problema no seio dos vendedores.

“Como solução, nós queremos o nosso mercado antigo, porque o levaram e gastaram o nosso dinheiro, nós queremos ver os nossos direitos respeitados. Queremos indemnização. Eles levaram o nosso mercado e vieram deixar-nos aqui, onde não entra ninguém”, disse Alcina Macucule, também vendedeira de peixe há mais de duas décadas.

Há precisamente sete anos que os vendedores foram retirados do antigo Mercado de Peixe cujo espaço está, hoje, a dar lugar à construção de edifícios mistos, quer para escritórios quer para habitação. O vereador Danúbio Lado esclarece que a gestão do solo urbano é da competência do município e há compensações em falta.

“A ocupação de espaço público carece de autorização, e aquele é um espaço público, pertencente ao Conselho Municipal. Na transferência, criaram-se condições para que eles exerçam as suas actividades neste novo Mercado de Peixe, o que não dá direito a nenhuma compensação. Qualquer manifestação carece de uma autorização e não há autorização para esta, por isso reiteramos que o diálogo deve ser dentro do Mercado de Peixe”.

A Polícia de Protecção, a Unidade de Intervenção Rápida e a Polícia Municipal montaram um forte dispositivo de segurança para repelir qualquer distúrbio ou tentativa de manifestação violenta.

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