As lideranças tradicionais e os órgãos de administração da justiça, públicas e religiosos, defenderam a necessidade urgente da união de esforços entre si para estancar a onda de linchamentos na Beira, que já fez 10 vítimas mortais de Janeiro a esta parte.
Refira-se que as últimas três vítimas foram registadas entre sexta-feira e domingo passado e foram mortas nos bairros de Matacuane, Munhava e Manga respectivamente. Os autores destes crimes sempre alegaram a ausência da polícia naqueles bairros.
O regulo Luís, da cidade da Beira, em contacto com este jornal, hoje, comungou a mesma opinião dos populares e apontou soluções.
“Os agentes da Polícia da República não fazem patrulhas nos nossos bairros e os malfeitores aproveitam-se desta situação para nos roubarem e por vezes tirarem a vida. Quando a polícia é solicitada para dar cobro a uma certa situação, por mais urgente que seja, apresenta sempre um argumento para não se fazer presente, alegando falta de efectivo ou de transporte. Penso que os bandidos sabem disso e a população desesperada recorre à sua força para solucionar os problemas e, como resultado disso, as ondas de linchamento voltam a tona. Sou de opinião que nas lideranças tradicionais, assim como a Polícia da República, deveríamos unir esforços para estarmos na dianteira em relação aos bandidos. Está a faltar comunicação entre nós e a população e há um aproveitamento dessa falha para criar desmandos”.
O administrador da Beira, João Oliveira, exortou a população para continuar a confiar nas autoridades e pediu a estas para serem mais transparentes.
“Linchamento não resolve os problemas. Apelamos a população para voltar a depositar confiança na polícia porque ela é a autoridade legalmente instituída para garantir a ordem e segurança pública. Se algo está a falhar, a solução não é matar supostos ladrões. Temos que abrir uma linha de diálogo e juntos encontrarmos soluções. Este apelo serve igualmente para a polícia”.
Procuradoria apreensiva
A Procuradora-Chefe de Sofala, Carolina Azarias, exortou, hoje, aos beirenses para se unirem no combate ao linchamento que, na sua opinião, pode estar ligado a vinganças pessoais, pois as investigações apontam que grande parte das vítimas são inocentes.
“A onda de linchamento que voltou a afectar a cidade da Beira pode estar ligado a vinganças pessoas e estão a contribuir para o aumento dos índices de criminalidade na cidade em vez de diminuir. Linchar não é fazer justiça, pelo contrário, é cometer um crime. Estão a morrer muitas pessoas inocentes, que são simplesmente confundidas com um ladrão. Aliás, mesmo se as vítimas roubassem, não é com recurso a justiça privada que se resolve o problema”.
Carolina Azarias defendeu a união de todos para por fim a justiça privada na Beira. “temos que estar unidos. Este não e o momento para apontar os erros de outros e as autoridades comunitárias podem desempenhar um papel fundamental na mudança de atitude. É muita lamentável o que esta a acontecer e isso é sinonimo que estamos a perder os valores morais o que é muito grave. Temos que encontrar soluções urgente”.