O País – A verdade como notícia

“Um país que tem jovens empreendedores é um país que cresce”

Flávio Augusto, empreendedor e bilionário brasileiro, defende, em Grande Entrevista, que um país que tem jovens empreendedores é um país que cresce, porque quem produz para a sociedade é o empreendedor. Na sua opinião, o Estado tem que ser um tutor dos negócios e deixar que a sociedade, de forma livre e facilitada, realize negócios. Por outro lado, o fundador da Wise Educação deu lições de venda e encorajou potenciais empreendedores a saírem do lugar-comum para terem resultados diferentes e de sucesso. “Se você faz o que todo o mundo faz, terá os mesmos resultados que os outros têm”, vaticina o também docente universitário.

 

Quando decide ser empresário? Quando iniciou essa carreira empreendedora, tinha noção de onde queria chegar?

Eu tinha intenção de ser e não tinha noção de onde chegaria. Isso é muito típico de cada empreendedor, porque nem sempre você tem a visão completa, mas tem alguma visão. E a visão que você tem é a que é suficiente para você caminhar. Vai subindo alguns degraus e, à medida que isso acontece, você vai ampliando a sua visão e, à medida que você amplia a sua visão, você tem a opção de continuar a avançar em direcção àquela visão ou, simplesmente, parar e desfrutar daquilo que já conquistou. Estou já há 28 anos avançando e desfrutando ao mesmo tempo.

 

Podemos dizer que Flávio Augusto tem um bom faro nos negócios, olhando para o seu percurso de vida, a história da Wise Up Online? É um homem essencialmente de negócios?

É o que a gente busca ter. A gente não acerta todos os dias, mas acerta a maioria até hoje. Temos prosseguido avançando e expandindo para novas oportunidades.

 

Qual é a formação para isso?

Penso que a formação para esse avanço é a formação da vida e não uma formação académica. Infelizmente, dentro da academia a gente não aprende essas habilidades. Eu, até dentro da academia, contribuo como professor de alguns MBA (mestrados em gestão de negócios) e pós-graduação dentro do Brasil, onde a gente procura dar essa visão mais prática. Mas eu penso que a formação no campo de batalha é a formação que é necessária para esse avanço.

 

Costuma-se dizer que a sorte é uma deusa altiva, que não perde tempo com quem não está preparado. A facilidade e a naturalidade com que faz negócios é fruto de uma análise profunda ou de uma pesquisa para tomar decisões, estando claro dos riscos que possam estar associados?

O risco é inerente a qualquer negócio. O risco faz parte. Mas existe uma relação directa entre o risco e o retorno. Ou seja, para você ter o maior retorno você vai ter o maior risco envolvido. Eu digo isso até do ponto de vista filosófico. A metáfora que eu gosto de dar é a do pássaro fora da gaiola. O pássaro, dentro da gaiola, não tem liberdade, mas, de certa forma, a gaiola protege-o de predadores. A gaiola, de certa maneira, oferece alguma protecção, mas aquilo lhe tira a liberdade. Mas, para você ter liberdade, tem que sair da gaiola. Ora, fora da gaiola você tem mais riscos.

 

Isso para dizer que Flávio Augusto sempre preferiu estar fora da gaiola?

Sempre fui um pássaro fora da gaiola. Nunca abri mão de estar fora da gaiola. Eu penso que o risco de estar fora da gaiola, na verdade, é muito menor do que a frustração que a gaiola traz pela perda da liberdade. Há uma outra coisa. Eu penso também que a protecção dentro da gaiola é um pouco ilusória. Até a suposta segurança oferecida dentro da gaiola é questionável e, se nós trouxermos isso para a vida, há carreiras, há modelos de vida, de emprego e de trabalho que oferecem uma suposta segurança. O empreendedorismo é a actividade para quem queira estar fora da gaiola. No final das contas, o que de facto representa maior risco? A frustração de você não ter realizado o seu sonho em troca de uma suposta segurança dentro da gaiola ou o próprio risco de você estar voando do lado de fora?

 

Todos os governos têm uma máquina, o aparelho do Estado, e precisam de ter gente lá para pôr essa máquina a funcionar. Como é que estes indivíduos podem empreender dentro da função pública?

É possível empreender sendo um empregado público, mas não espere retorno financeiro. Você pode empreender, pode contribuir para o turismo, por generosidade, por mero patriotismo ou por desejo de ter uma contribuição pública. Acredito que existam pessoas que tenham um desejo sincero de contribuir.

 

Na sua visão é estar na zona de conforto ou estar na gaiola?

Penso que para quem queira resultados maiores, na minha visão, é absolutamente legítimo você querer ganhar mais. Você quer enriquecer, ter mais retorno para oferecer uma vida melhor à sua família e até para ajudar outras pessoas. É preciso ser altruísta, porque eu não conheço, em nenhum lugar do mundo, alguém que enriqueceu honestamente sendo servidor público. Ser um servidor público, empreender e contribuir com o país mesmo não tendo retorno financeiro está tudo certo. Essa pessoa vai ser feliz. Para quem queira mais da vida, para quem queira enriquecer, o empreendedorismo é o caminho.

 

Voltando para a sua veia empreendedora, como é que identifica as oportunidades de negócio?

Não planeie ser empreendedor. Tudo começou na minha vida quando eu me apaixonei por uma menina de 15 anos e eu tinha 18 anos. E aí a gente vê o que é que uma mulher faz na vida de um homem, porque foi a primeira vez em que eu pensei que precisava de ganhar dinheiro. Comecei a vender, tive uma actividade natural para vender relógios. Foi a primeira vez em que eu vendi um relógio e ganhei dinheiro. Depois, comecei a trabalhar vendendo curso de inglês. Arrumei um emprego num curso de inglês. E aprender a vender deu-me um sentimento de que eu poderia ganhar o que eu quisesse. Eu poderia progredir financeiramente, então melhorei bastante vendendo. Fui gerente de vendas, fui director de vendas, trabalhei como alto executivo de uma empresa de inglês e gostei desse resultado.

 

Em termos concretos, foi a partir dos 18 anos que a palavra “venda” passou a estar no topo da lista da sua vida…

De facto, aos 18 anos eu conheci as vendas. Dos meus 19 aos 23, vendi profissionalmente. Só que a venda me trouxe uma visão maior e uma ambição maior e aí o empreendedorismo entrou como uma nova ferramenta que a venda me proporcionou. O empreendedorismo deu-me muita coisa, muitas oportunidades. Por isso, sou defensor do empreendedorismo. Penso, inclusive, que um país que tem jovens empreendedores é um país que cresce, porque quem produz para a sociedade é o empresário. O empresário é que gera emprego e não o político nem o Estado. O Estado tem que ser um tutor dos negócios. Ele pode ser um fomentador dos negócios, mas quanto mais livre é a sociedade para realizar negócios mais próspera ela se torna. Os indivíduos sentem-se mais empoderados para realizarem negócios a construir negócios. O mundo em que nós vivemos é o resultado do empreendedor.

 

E que habilidades ou competências são necessárias para se ser um bom empreendedor de sucesso?

O empreendedor é um inconformado. É alguém que quer transformar a realidade e, acima de tudo, transformar a sua própria realidade. O desejo individual de crescimento – o desejo do indivíduo – é a origem de tudo. Alguns chamam isso de egoísmo. Ora, não podemos confundir individualidade com individualismo. Segundo, ele tem de ter uma visão que passa por solucionar problemas. Eu venho de um país em desenvolvimento, o Brasil, cheio de problemas e quanto mais problemas um país tiver mais oportunidades tem. A solução de um problema tem um valor. Terceiro, é preciso ter coragem. O empreendedor precisa de coragem para investir. Se você tiver uma boa ideia, uma boa visão, mas se não tiver coragem, a sua ideia fica presa dentro da gaveta. Quarto, precisa de competência. Precisa saber de fazer, vender, operar e contratar.

 

E veio a Moçambique mesmo para partilhar esse conhecimento. São praticamente quase 30 anos como empreendedor e domina esta componente de venda. Ao subir ao palco do fórum Makagui partilhou com os moçambicanos esse conhecimento que tem nesta matéria e sentiu-se uma adrenalina muito positiva. Pessoalmente, como é que se sentiu nessa proximidade com os moçambicanos?

Eu amo compartilhar o que aprendi, porque isso transformou a minha vida. Faço isso há 12 anos na internet. Falo todos os meses com cerca de 20 milhões de pessoas na internet, compartilhando conhecimento. Gosto de fazer isso e, cada vez que subo ao palco para poder dar uma aula, seja “online” ou pessoalmente, tenho um prazer muito grande. Mas falando especificamente sobre Moçambique já há alguns anos eu tenho um público muito grande deste país, que me acompanha nas redes sociais, e a interacção sempre foi muito boa. Quando conheci Daniel David, há cerca de um ano, a nossa interacção sempre foi muito positiva, o que acabou redundando numa parceria de negócios muito importante. Vir pessoalmente a Moçambique foi muito importante para materializar essa minha percepção sobre este país, por sinal, muito jovem. Um país em que eu percebo muita fome, muita vontade de aprender e desenvolver-se. Fui recebido com muito carinho e foi bom cá estar pessoalmente e ver esse calor humano que Moçambique tem. Surpreendeu-me o facto de ver muita gente querendo fazer negócios e querendo construir empresas. Penso que existe um futuro muito promissor aqui neste país.

 

A sua imagem catapultou-se em Moçambique com a chegada da Wise Up Online. Essa parceria Makagui e Wise Educação tornou mais conhecido o Flávio Augusto em Moçambique. Vir a Moçambique foi parte da estratégia de marketing também deste produto?

Penso que quanto mais nos aproximamos do público final fortalecemos a relação e acaba-se tornando um ingrediente forte para catapultar ainda mais os nossos negócios neste país. Aprender inglês promove o desenvolvimento pessoal e amplia oportunidades pessoais. Não tenho nenhuma dúvida de que, assim como no Brasil, onde temos hoje centenas de milhares de alunos, aqui em Moçambique, onde também já temos alguns milhares de alunos, as pessoas vão melhorar muito de vida aprendendo a falar inglês.

 

Já definiu aqui o perfil de um bom vendedor. O que deve ser a essência da estratégia do marketing de um negócio, tomando como exemplo os seus negócios?

Todas as nossas estratégias de marketing buscam apresentar as características dos nossos produtos sempre com muita transparência. E tudo começa com o planeamento ao posicionamento que a gente tem em relação a cada produto. Sempre posicionamos cada produto desenvolvendo-o com muita qualidade, com uma comunicação muito clara e de um nível muito bom e com uma forma de pagamento muito acessível. Costumo dizer que nós temos um produto de classe A, que embalamos de maneira acessível para a classe B, mas cria uma maneira de pagamento facilitado para gente de classe C que possa ter acesso.

 

Flávio Augusto é um homem de mão na massa, é um homem de acção que, apesar de ser um bilionário, não pára. Está sempre a descobrir novos negócios e também está muito presente nos negócios que tem. Olhando para esta característica e para o facto de Flávio Augusto dizer que não trabalha pelo dinheiro, mas sim por ser um homem que busca a prosperidade. Pode descodificar esta mensagem de prosperidade?

Muitas pessoas me perguntam porque é que eu ainda trabalho tanto. Mas fazem-me essa pergunta sempre com o tom de surpresa, porque elas supõem que eu não preciso de trabalhar do ponto de vista financeiro. Ou seja, eu não dependo de um salário ou de ganhar algum dinheiro para viver, por supostamente eu já ter ganhado muito dinheiro. Elas estão certas. Já faz mais de 20 anos que não preciso mais de trabalhar do ponto de vista financeiro. Mas é um engano muito grande alguém supor que a única razão pela qual alguém trabalha é pagar as suas contas. Essa não é a única razão. A gente sabe que grande parte da humanidade depende de um salário para sobreviver. Não é o meu caso, pelo menos nos últimos 20 anos. Eu preciso de trabalhar porque preciso de ter significado. Eu preciso de me sentir útil, porque eu gosto de me sentir assim. É parte da minha missão de vida impactar pessoas. Eu preciso disso. Geralmente, pessoas que estranham isso, ou é porque desconhecem a outra forma de vida, o que é muito compreensível, ou porque não gostam de trabalhar.

 

Disse aos moçambicanos que gosta de abraçar projectos sociais, mas quando se trata de investir é para ganhar dinheiro?

Eu faço muitos projectos sociais e estou muito envolvido nisso. Quando eu faço negócios, tem que haver lucro. O lucro é belo e moral. É por causa do lucro que a gente gera emprego. É por causa do lucro que eu pago impostos e o Estado pode pagar as suas contas com os impostos que eu contribuo. É por causa do lucro que a sociedade se desenvolve.

 

Recordo-me de que iniciou a sua intervenção no fórum Makagui, na interacção com os moçambicanos, sublinhando o quanto é importante ter referências. Ao longo da sua carreira, quais foram as suas maiores referências?

A referência é mesmo muito importante. A primeira experiência de referência que eu tive foi quando estudei em escolas públicas no Brasil e quando a minha mãe deu todo o salário que tinha para eu me preparar para um concurso numa escola privada. Quando entrei na escola privada, percebi que o nível de ensino era muito elevado que as escolas públicas do Brasil e, com esta mudança, eu senti-me muito abaixo do nível dos outros alunos. Percebi que devia melhorar e ter contacto com outros alunos que tinham melhor nível educacional. Tinha que me dedicar mais, estudar mais. Levei três anos para poder competir de igual para igual com os outros alunos. Mas antes disso, na escola pública, eu era um dos melhores alunos, mas quando entrei na escola privada era um dos piores. Percebi que devia correr mais para evoluir. Estava prestes a ser contratado numa empresa em 1991. O treinamento foi feito por uma mulher. Ela tinha 26 anos e eu tinha dezanove. Achei incrível a forma como ela falava, a segurança que tinha, a influência que ela tinha sobre um grupo de 40 pessoas e eu percebi que estava muito atrás.

 

Esta necessidade de correr quando se tem referências acima das suas é que lhe faz concluir que “o melhor não é ser melhor mas estar entre os melhores”?

Certíssimo. O lugar onde você está conta muito. Quando você está num ambiente em que você é o melhor, muito provavelmente, está no lugar errado. A gente deve buscar sempre um ambiente em que existam pessoas melhores que nós e não há nenhum problema em fazer comparações. Todas as vezes em que a gente vê que está abaixo, há duas alternativas: a primeira, é não nos sentirmos vítimas da sociedade, pensar que não conseguimos. A segunda hipótese é observar que estou abaixo mas não se vitimizar, olhar para o nível dessas pessoas e correr até alcançar. Nasci numa família pobre. Gastava cinco horas por dia dentro de ónibus lotado de passageiros. Tive que correr muito para tirar essa diferença social. Contudo, as referências devem servir de estímulo para a nossa evolução.

 

Lembro que, no fórum Makagui, Flávio Augusto enfatizou muito a importância de não se viver na insegurança e buscar algo sempre maior que possa acrescentar valor à intelectualidade de cada indivíduo. Mas usou uma expressão que diz que: “a segurança é como uma armadilha para os nossos sonhos”. Isso diz muito da personalidade de Flávio Augusto. Quais foram os maiores desafios que teve como empreendedor e como é que foi superando, tendo como força motriz essa ideia de que “no mesmo ponto não posso ficar”?

O maior desafio de um jovem que está iniciando a sua vida é tomar o seu próprio caminho fora da linha de montagem da sociedade. De forma geral, existe um senso comum na sociedade. Sem dúvida alguma, a educação é muito fundamental na sociedade. No entanto, a gente segue um caminho, que passa pelo ensino fundamental, médio, universidade e depois disso, supostamente, vamos a um emprego e, no final da vida, você recebe uma aposentadoria. Na minha opinião, essa é a maior armadilha e o maior perigo. O grande desafio é você entender que esse não é o único caminho, ou seja, o único caminho para um jovem não é conseguir a vida numa empresa até se aposentar. Até pode ser um bom caminho, algo que realiza muita pessoas, mas não é o único caminho. Alguém pode seguir um caminho, ser bem-sucedido sendo atleta, artista plástico, ou seja, existem muitos outros caminhos. Hoje, a internet, por exemplo, é uma das áreas que mais forma milionários no mundo. Temos jovens com milhões de seguidores e ganhando milhões de dólares em várias plataformas. Ou seja, não existe apenas o caminho convencional e, para mim, um dos maiores desafios é um jovem ter a coragem de sair deste caminho convencional, quando certamente for criticado ou, em alguns casos, for chamado de louco. Sair de um lugar-comum é um desafio muito grande, principalmente no início de uma caminhada. Vamos voltar: quando tinha 23 anos, tive que interromper a faculdade de ciências da computação numa universidade federal do Brasil para vender o curso de inglês. Depois desta decisão, fui muito criticado. Pessoas achavam que tudo fosse uma loucura, até mesmo na família. Todas as vezes em que você sair do curso convencional, que a maioria das pessoas segue, você será tomado como louco. Indo pela lógica, se você faz o que todo o mundo faz, terá os mesmos resultados que os outros têm. No meu caso, os resultados que todos tinham naquela altura já não me agradavam. Queria algo melhor, algo grande e, por isso, se eu quero ter algo diferente, preciso de fazer algo diferente dos outros. Quando um jovem sai desta linha comum da sociedade e começa a ter sucesso, o primeiro reconhecimento vem de fora e nunca de dentro. As pessoas mais próximas são as últimas a reconhecer, mas isso não é por mal. Os nossos pais, os nossos parentes, querem o nosso bem. Então, qualquer movimento que pareça arriscado tomam uma atitude reactiva e protectora. No entanto, nós também temos das pessoas mais próximas aquelas que invejam. Quando as pessoas mais próximas percebem que você começa a evoluir, elas até gostam, mas não gostam que evolua mais que elas.

 

Voltando a esta questão de desafios. Tendo alcançado a prosperidade muito cedo, em que momento se sentiu desafiado e como é que lidou com a situação?

Depois dos desafios iniciais, tudo começa a dar certo e a gente começa a ter o reconhecimento de várias pessoas. Fiz o meu primeiro milhão com 23 anos de idade, e aí começa um segundo desafio de ter que administrar a riqueza que está produzindo e manter a sanidade mental. Há pessoas que, quando começam a ganhar muito dinheiro, enlouquecem. Já vimos casos de muitos jogadores de futebol que não estavam preparados para o recurso que chegou às suas mãos. Manter a humildade é muito fundamental quando começamos a ter sucesso e não transformar isso em algo negativo. Mas algumas pessoas têm medo do sucesso com alguma razão, pois o sucesso pode embriagar algumas pessoas. Eu completei 30 anos de casado no ano passado com a minha primeira namorada. Isso te protege para que mantenha a sua sanidade, independentemente da sua conta bancária.

 

Na plataforma de vendas da Wise Up, a formação e vendas é uma componente-chave. Flávio Augusto tem a disciplina de se manter presente nesta plataforma. Explique-nos melhor como é que funciona, qual é a estratégia de negócio assente nesta ferramenta de desenvolvimento de competências para a venda?

Formação de pessoas é fundamental e formação de vendedores, mais ainda! Todas as quartas-feiras eu dou uma aula ao vivo para todos os vendedores que estão no mundo inteiro conectados com ela. Nós temos vendedores em vários países do mundo. Nós estamos sempre em busca de novos talentos.

 

Os ganhos monetários são um bom incentivo para fazer parte da equipa?

Com certeza. Uma característica em vendas é que quem é bom tem que ganhar bem. Então, nós temos integrantes da nossa plataforma ganhando 40 mil dólares por mês, 30 mil ou mesmo 10.

 

Como especialista, tem habilidade de ser bom olheiro de pessoas com potencial de alta performance para a venda?

A metodologia para identificar talentos tem menos a ver com a minha capacidade de olhar, de observar e tem muito a ver com a minha capacidade de treinar e dar a oportunidade de a pessoa mostrar. É muito mais um processo de tentativa e erro do que escolha. Na verdade, todos têm potencial, cabe a cada um mostrar e quando mostrar temos que ter os mecanismos para reconhecer.

 

Quais são as grandes barreiras para a venda?

Primeiro é o preconceito. A sociedade treina as pessoas para ter um emprego para, no final do mês, ganhar um salário. Tudo na vida é uma rosa linda cheia de espinhos. A medicina é linda, mas tem espinhos também. Não tem como um médico fazer uma cirurgia e não sujar com sangue. Assim, tudo volta para o preconceito. As pessoas acham que vender é feio, não é glamouroso, mas, no final, toda a empresa que não vende quebra-se.

 

E vender, hoje, é sinónimo de usar a tecnologia para alcançar muitos mercados. Esta ferramenta quebra um aspecto essencial da venda, que é de proximidade de relacionamento. Que equilíbrio é que se pode criar entre a tecnologia e a necessidade de desenvolvimento de relacionamento interpessoal?

A tecnologia alcança mais pessoas e ela acaba sendo uma ferramenta para atrair novos clientes, mas, no final das contas, a presença de um vendedor vai ser sempre importante para garantir os resultados e a escalabilidade.

 

Também se pode dizer que a tecnologia, hoje, está intrinsecamente ligada à inovação e impulsiona esta mesma inovação?

Com certeza, é muito importante perceber que a tecnologia não está somente ligada à tecnologia de informação ou aquilo que está nos nossos aparelhos, nossos celulares. Existem muitos tipos de tecnologia. Por exemplo, uma técnica de venda, uma forma de converter mais interessados em cliente é uma tecnologia. O somatório da tecnologia humana e das redes sociais, por exemplo, é muito poderoso para vender. Usamos todo e qualquer tipo de tecnologia na Wise Up Online para vender mais!

 

Gostaria de falar de forma muito breve sobre as suas obras, começando por “Ponto de inflexão”. Nesta obra, Flávio Augusto traz a ideia de que a vida é feita de escolhas e cada decisão que tomamos pode levar-nos a um ponto de inflexão, num momento crucial em que o rumo da nossa vida pode mudar de forma significativa. Qual foi o seu ponto de inflexão?

Este livro conta dez momentos de inflexão da minha vida que tive que tomar decisões que mudaram o rumo da minha vida. A gente toma decisões todos os dias, mas às vezes existem decisões que são definitivas e é importante perceber quais são essas decisões.

 

Flávio Augusto também destaca a importância de se encontrar a nossa paixão e propósito de vida, de construir a mentalidade empreendedora, mesmo que não sejamos necessariamente empreendedores no sentido tradicional. Como é que isto acontece?

Eu acredito muito na liberdade de escolha, até mesmo na questão de definição de propósitos, eu acredito que nós escolhemos os nossos propósitos. Eu, por exemplo, tenho duas coisas que escolhi para a minha vida: aproveitar a vida com as pessoas que eu amo e impactar as pessoas.

 

Tem um livro com este foco de identificar o propósito ou vivendo com propósito. Na verdade, a questão que muitos jovens se colocam quando ouvem essa expressão é “como fazer”?

Nós nascemos com algumas pistas no nosso interior. São vocações, dons, coisas que fazem a gente chorar, mas que são pistas de não fazer por si só escolhas que somente nós podemos fazer. Em poucas palavras, é a escolha que conta para o nosso sucesso.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos