O País – A verdade como notícia

Trump toma posse sem agenda para África 

Donald Trump toma posse amanhã como o novo presidente dos Estados Unidos da América e vai governar durante os próximos quatro anos. Com a chegada do republicano à Casa Branca, manteve-se as mudanças globais das quais a paz entre Rússia e Ucrânia e no médio oriente. Perante um silêncio sobre questões africanas, a relação do Pentágono com o continente poderá ser de menos acções.  

Desde a adoção da Constituição em 1789,  47 figuras foram eleitos ou ascenderam ao cargo de Presidente norte americano e, de lá para cá, já se passaram 59 mandatos presidenciais de quatro anos cada.

Na sucessão ao cargo, só dois presidentes conseguiram dois mandatos não consecutivos e curiosamente separados por dois anos. Desta lista cabem Grover Cleveland e Donald John Trump, que toma posse esta segunda-feira.

Aos 78 anos o republicano volta à Casa Branca onde governou como 45º Chefe de Estado, como 47º Presidente eleito e ao lado de James Vance, na vice-presidência, vai conduzir os destinos dos americanos para os próximos quatro anos.

As mudanças na governação norte-americana não só têm efeitos internos, como também movem o mundo, e é por isso que a retoma de Trump à Casa Branca é vista como factor de mudança global.

Orlando Mazuze é analista da política internacional e já esteve envolvido em projectos norte-americanos. Estuda os sinais da política do país e não tem dúvidas de que a retoma de Trump guarda muitas mudanças.

“Na sua primeira passagem pela Casa Branca optou mais pelo isolacionismo, há agora uma tendência de expansionismo. Tanto que falamos, em tom de brincadeira, do interesse de Donald Trump de anexar o Canadá e de comprar, de uma vez por todas, o Panamá (…) Isto, ainda que sejam assuntos que podem ser levados de forma cômica, pode revelar algum interesse do Governo norte-americano de expansionismo”.

Das promessas avançadas pelo republicano para o seu segundo mandato, cinco vigoram como as principais, a saber: deportar imigrantes indocumentados; endurecer medidas sobre economia, impostos e tarifas; eliminar regulamentações climáticas; encerrar a guerra da Ucrânia e médio oriente e não o proibição do aborto.  

E sobre a questão da paz entre Rússia e Ucrânia, a académica moçambicana residente nos Estados Unidos de America, Érica tem algumas reticências ao avaliar pela actual postura adotada por Vladimir Putin. 

“Eu diria que é um pouco imprevisível dizer que o problema da Ucrânia acabe, se for pela conversação. A não ser que haja uma imposição dos Estados Unidos, principalmente em não apoiar a Ucrânia logisticamente, o que vai enfraquecer, e então será obrigada a negociar sem muito espaço de barganha”, explicou a académica moçambicana 

Entretanto, as linhas de interação criadas pela administração Trump, logo após vencer as eleições com destaque para o possível encontro com Putin, traz uma ideia diferente para Orlando Mazuze. 

“Esta será a primeira grande acção, aliás, Donald Trump já se reuniu com Volodymyr Zelensky, no mês passado, em Dezembro, Paris. Há inclusive um ensaio de reunião entre Vladimir Putin e Zelensky. E temos dois países que estão agora a colocar-se à disposição, que são a Sérvia e a Suíça, para ser parte deste encontro. Esta acção, ao meu ver, será prioritária, em termo de política externa norte americana e seria o cumprimento das promessas feitas por Donald Trump, durante campanha eleitoral”,  afirmou Mazuze.  

De volta à presidência, e com  suporte de bilionários, como Elon Musk, Jeff Bezos para além do CEO da Tesla,  o republicano tem a missão de continuar com as tendências económicas bem aprimoradas por Joe Biden, após a devastação pela Covid-19.

Os bens e serviços dos EUA negociados com África totalizaram 83,6 mil milhões de dólares  em 2021, e os investimentos e programas de apoio cresceram nos últimos quatro anos. Para os analistas, prevê-se poucas mudanças neste contexto porém havendo, poderá ser de forma isolada. 

Apesar da política isolacionista de Trump para com a África, Moçambique poderá ter algum aproveitamento na comercialização do gás natural, caso o republicano decida suspender a lei que interdita a exploração de gás natural norte americano para o exterior.

Quando forem 12 horas locais, Trump que já está na capital Washington DC, ira perante o Juiz chefe dos Estados Unidos, John Roberts, prestar o juramento assumindo o cargo perante os convidados do evento a ter lugar no Capitólio.

No que toca à política externa africana não foi matéria na primeira governação de Trump. Daí a questão: Como será a relação entre os Estados Unidos de America e Africa.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos