Trinta viaturas de transporte semi-colectivo de passageiros foram reprovadas no licenciamento massivo, desde o arranque do processo em Maio, na Cidade de Maputo. Em causa, estão diversas irregularidades, tais como bancos precários e sistema de iluminação deficiente. A situação poderá comprometer a atribuição de subsídio aos transportadores.
Os transportes semi-colectivos de passageiros são a única alternativa que grande parte da população, na Cidade de Maputo, tem para chegar aos seus destinos.
Se por um lado persistem dificuldades no acesso ao “chapa”, por outro, ronda a insegurança no seio dos utentes, devido ao estado de degradação de algumas viaturas.
Carros sem faróis, escapes a caírem, bancos degradados, falta de vidros e até cheiro de óleo no interior caracterizam alguns transportes semi-colectivos de passageiros na capital do país. São problemas que colocam incertezas a quem destes dependem, tal é o caso de Helena Matola que, há dois anos, tem uma cicatriz no seu pé esquerdo, em resultado de um ferimento que teve num “chapa”.
“Fui aleijada no pé esquerdo, mas só descobri quando estava no interior do ‘chapa’ a sangrar. Depois, fui ao hospital e recebi alguns pontos”, contou a passageira, relatando que o desgaste dos bancos e das portas é preocupante.
Assim como Helena, Casimiro Banze frisou que a situação é caótica, pois “muitas pessoas costumam reclamar por suas calças, capulanas e saias rasgadas, e os motoristas e cobradores não prestam atenção ao fenómeno.”
Aliado a este problema, prevalece a falta de vidros: “Quando de repente começa a chover, estando num ‘chapa’ sem vidros, os passageiros molham e isso não é benéfico para ninguém”, acrescentou Helena Matola.
A circulação de “chapas” nestas condições contradiz a alínea b) do artigo 11, da Postura Municipal de Transporte Colectivo Urbano de Passageiros, segundo a qual: “é dever do concessionário oferecer serviço de qualidade e tratamento condigno aos utentes”, tal como reforçou Nelson Massango, director para área de Mobilidade, Transportes e Trânsito do Município de Maputo.
“Bom estado técnico da viatura refere-se ao sistema de travão e iluminação, às condições dos assentos, ao aspecto externo e a todos os elementos que a inspecção tem exigido”, esclareceu Massango.
A edilidade aponta que a situação é mais crítica nos “chapas” que fazem a rota Praça dos Combatentes–Albasine, devido à degradação das vias de acesso.
Além de constituir perigo aos passageiros, a falta de manutenção das viaturas pode impedir que os seus proprietários recebam subsídio para mitigar a subida do preço dos combustíveis.
“O que pretendemos é que prestemos um bom serviço aos munícipes e, para que isso aconteça, as viaturas devem estar apresentáveis”, disse o director para a área de Mobilidade, Transportes e Trânsito.
Desde o início do processo de licenciamento massivo em Maio, na Cidade de Maputo, foram reprovadas 30 viaturas por conta da falta de condições técnicas.
Fernando Massango, transportador há mais de dez anos, não está licenciado e sabe os porquês: “Os assentos estão de qualquer maneira e a suspensão temos que mudar todos os dias. Trocamos sempre o material do carro, mas há sempre problemas”, reconheceu o transportador.
Francisco Jofrisse, outro transportador, atira a culpa aos proprietários, que, segundo disse, se recusam a garantir a manutenção e inspecção das viaturas em dia: “Há certos patrões que, quando apresentamos problemas, dizem ‘trabalhe esta semana, iremos ver na próxima’. Se eles mudassem o material logo que nós informássemos, seria muito bom”.
Fazem parte da documentação para licenciar as viaturas, a ficha de inspecção, o livrete, a carta de condução, título de propriedade e seguros.
Neste processo de licenciamento massivo, que decorre até 31 de Julho, já foram licenciados, na Cidade de Maputo, cerca de 200 transportes semi-colectivos de passageiros.