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Tribunal ausculta primeiro declarante do processo das “dívidas ocultas”

Finda audição dos 19 réus arrolados no processo das “dívidas ocultas”, iniciou o interrogatório ao declarante Joia Aquirene, que foi administrador executivo da GIPS até 2012. Segundo o declarante, foi por designação do então director-geral do SISE, Gregório Leão, que ocupou o cargo.

Conforme explicou, para além de administrador, era accionista da GIPS e tinha uma cota de 30 por cento e que a outra parte, ou seja, os 70 por cento eram da SERS, empresa representada por Rauf Irá, mas, em 2013, por “ordens superiores”, teve de ceder a sua cota ao próprio GIPS, porque, supostamente, já tinha encontrado parceiros.

Segundo o declarante, não questionou a decisão, pois apenas cumpria ordens e, na verdade, a sua cota pertencia ao SISE e, por isso, de nada se beneficiou.

Quando questionado pela Magistrada do Ministério Público, Ana Sheila Marrengula, se tinha como provar que a cota não lhe pertencia e sim ao SISE, disse que não.

“Não tenho como provar, porque no Boletim da República vem o meu nome, mas tenho colegas que podem depor e sabem que aquela cota não me pertencia”, disse Joia Aquirene e acrescentou que “tanto mais que eu disse que não tirei nenhum dinheiro para aquela cota, eu estava a representar o meu serviço, o SISE”.

O declarante disse ainda que não teve papel muito activo como administrador, mas recorda-se de que, nalgumas vezes, assinou cheques, em substituição do seu colega Rauf Irá, que estava fora do país, alguns dos quais destinados à PROÍNDICUS e EMATUM.

“Recebi os cheques e a primeira coisa que fiz foi ligar ao director-geral por uma questão de cautela…assinei os cheques, admito que o primeiro lote não tirei cópias, mas teve um segundo lote e eu vi que já estava a ser frequente, mas, porque o último cheque tinha um valor elevado de 10 milhões, liguei ao director- geral e respondeu que eu podia assinar, mas, dessa vez, tirei cópias a todos os cheques… um era para a PROÍNDICUS e outro para EMATUM”, revelou.

Joia Aquirene recordou ainda que recebeu um terceiro lote de cheques que assinou, depois da confirmação de Gregório Leão e também tirou cópias e, assim que  Rauf voltou ao país, nunca mais assinou.

Foi questionado ainda se sabia que a GIPS, empresa em que era administrador, seria accionista das empresas PROÍNDICUS, MAM e EMATUM, tendo respondido que não recordava, mas “alguns nomes até ouvi e só agora é que estou ter noções das coisas”.

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