Há trabalhadores que vivem na incerteza em relação aos seus empregos, depois da vandalização e saque em muitos armazéns, fábricas e lojas, na Cidade da Matola, Província de Maputo. A destruição de infra-estruturas está, também, a afectar o abastecimento de pequenos comerciantes em produtos. Os empresários ainda não sabem por onde recomeçar. Para já, decorre a limpeza dos estabelecimentos.
A capital industrial do país encontra-se em ruínas… Quase todas as lojas, armazéns e estabelecimentos comerciais da Cidade da Matola foram vandalizados, queimados ou saqueados. Nos locais, os malfeitores só deixaram o que para eles não tinha valor e os vestígios de que estiveram por perto são indisfarçáveis. Ninguém os pôde parar…
Os proprietários dos estabelecimentos comerciais estão de rastos e desolados. Do lado exterior dos estabelecimentos vandalizados estão os pequenos comerciantes que dependiam deles para abastecer as suas bancas.
Porque por perto já não há onde comprar os produtos a grosso, eles fazem-no num local distante e a preços que os consideram exorbitantes.
Os estabelecimentos destruídos não eram úteis só para os comerciantes. Aos moradores e vendedores ambulantes também beneficiam. Mas há muito mais. Além da vandalização, houve muitas mortes. Algumas pessoas morreram quando tentavam saquear os produtos nos armazéns.
Os que escaparam à morte, agora, enfrentam dias difíceis. E uma dessas pessoas é Armindo Ngulele, fiel do armazém do supermercado Cogef. Não há mais sorriso que torne os seus dias especiais. Os dias deixaram de ser os mesmos. No lugar de esperança, agora, reina a incerteza.
Armindo Ngulele é quem recebia os produtos do supermercado e era ele que os entregava para a venda. O saque e incêndio colocou em causa a única fonte de renda para a sua família composta por seis membros. Embaixo vê os escombros e de cima busca respostas para as várias perguntas que tem na mente. É que, apesar de o patronato ter garantido que não vai despedir ninguém, Armindo Ngulele vive muita incerteza.
No local visitado esta sexta-feira, onde se encontra muito lixo, costumava estar cheio de mercadorias. Mercadorias que eram depois levadas para a loja. Quem colocava nas prateleiras da loja era Irene Mateus, a organizador de prateleiras
Actualmente, Irene junta-se à equipa que faz as limpezas do estabelecimento. O patronato até garantiu que ninguém será despedido. Ainda assim, os seus dias continuam escuros, ela e os seus colegas procuram uma luz que ilumine o seu futuro.
Numa outra abordagem, vimos uma espécie de um lar que ficou amargo, onde se tinha tudo que dá conforto a uma casa. Porém, no contexto dos protestos, foram abertos vários furos nas paredes para retirar bens; além daqueles que saíram pela porta grande. Saíram os bens da loja, e entrou a depressão na vida de Yuran Tembe, que era gerente da Home Store, na Matola. Os seus patrões, donos do centro comercial, que são chineses, regressaram ao seu país logo depois do ocorrido. Aliás, alguns ficaram por falta de dinheiro de passagens. Até porque acabavam de fazer um investimento grande na loja.
E tudo virou nada. O que resta ao Yuran e aos seus colegas que, apesar das incertezas, é todos os dias ir ao local que já foi de trabalho. Sem nada a fazer, alimentam-se das memórias.
Yuran Tembe lembra-se muito bem de como era a organização do seu escritório.
Na Construa da Machava Socimol, os funcionários e clientes, nos corredores foram substituídos por estilhaços e lixo da destruição.