Os últimos dois réus do caso “Ataques Armados em Cabo Delgado” chegaram ao Tribunal de Pemba por volta das 8h:00 da última terça-feira, com um aspecto debilitado e sob fortes medidas de segurança.
Um dos arguidos é considerado peça chave para o esclarecimento do caso, supostamente por ser um dos instrutores de treinos militares do grupo armado que desde Outubro de 2017 vem fazendo ataques contra civis e Forças de Defesa e Segurança. Trata-se de um ex-membro da Polícia.
No interrogatório, o suposto instrutor dos atacantes não só protestou a sua inocência como também afirmou que não conhece o grupo, nunca esteve num campo de treinos e na sua vida nunca ensinou alguém a disparar uma arma de fogo.
Além de responder às perguntas do juiz, do Ministério Público e da Defesa, o suspeito aproveitou a audição para denunciar a tortura a que foi submetido supostamente pelas Forças de Defesa e Segurança. Na sequência das agressões físicas, o jovem ficou impossibilitado de se locomover.
Outro réu ouvido é um jovem de nacionalidade Tanzaniana, que também negou seu envolvimento nos ataques, e disse que saiu do Zanzibar para Moçambique para pescar.
No final da sessão que durou três horas, o juiz da causa marcou para 19 de Dezembro o início da audição dos declarantes, mesmo sem ter ouvido o outro que se encontrava doente.
O primeiro julgamento dos suspeitos de envolvimento nos ataques em Cabo Delgado iniciou a 3 de Outubro último e conta com 189 arguidos, entre moçambicanos e estrangeiros.
Os ataques no norte de Cabo Delgado iniciaram em Outubro do ano passado e apesar da forte presença das Forças de Defesa e Segurança, o grupo continua a aterrorizar as populações, sobretudo nos distritos de Nangade e Macomia, onde só este ano mais de 20 pessoas foram mortas e dezenas de casas incendiadas.