O regadio do Baixo Limpopo em Xai-Xai, na província de Gaza foi o local escolhido para a primeira cerimónia de entrega de financiamento no âmbito do projecto Sustenta. O evento coincidiu com o processo de nivelamento dos campos de produção do arroz naquele regadio e o Presidente da República, foi quem dirigiu a cerimónia.
Filipe Nyusi entregou 85 motorizadas para igual número de extensionistas agrários, 20 tractores entregues aos agricultores agregadores de camponeses do sector familiar, kits de sementes, fertilizantes e pesticidas para as culturas de alto rendimento que vão beneficiar oito (8) mil famílias.
Na cerimónia foram igualmente entregues cheques aos “agregadores” num total de 232, sendo que participaram do evento apenas 32. Os mesmos receberam valores que variam de 4 a 6 milhões de Meticais. A estes adicionam-se três empresas, que receberam entre 100 a 400 milhões de Meticais para desenvolverem a cadeia do valor do arroz.
No seu discurso o Presidente da República disse ter chegado o momento para Moçambique se tornar num país produtor e sustentável e deixar de depender de doações para viver. E para que isso aconteça é necessário que processos como o do Sustenta decorram sem haver “esquemas” que possam subverter a sua essência.
Aos beneficiários dos financiamentos, o Chefe de Estado, alertou que os valores e os equipamentos que receberam não são ofertas, mas sim pertenças do povo moçambicano e a eles alocados para produzirem com o objectivo de tornar o país auto-suficiente.
Filipe Nyusi, disse ser necessário aprender dos erros do passado, e que os mesmos não politizem as amortizações dos empréstimos alegando que não vão votar neste ou naquele. Por outro lado pediu aos mesmos para usarem os meios para no mínimo duplicarem a sua produção, pediu manutenção aos equipamentos para que possam ser usados por muito tempo.
O Chefe de Estado, recordou que o investimento que está a ser feito na agricultura irá, por exemplo, em Gaza, criar mais de 10 mil postos de trabalho, mas disse que pode vir a ser muito mais porque ao serem usados, por exemplo, tractores vão demandar muitos outros serviços como é o caso de combustíveis, manutenções periódicas, o que vai significar aumento de pessoal por parte das empresas que fornecem esses serviços.
O Presidente da República recordou ainda que o Sustenta vai dar prioridade às mulheres e aos jovens porque faz parte do empoderamento da mulher que no seu entendimento não passa apenas pela nomeação delas para cargos de chefia e ou direcção, mas sim dar-lhes capacidade para desenvolver projectos e iniciativas de desenvolvimento. Chamou atenção aos jovens para não desperdiçarem oportunidades que o Sustenta oferece porque não haverá um outro programa específico para os jovens.
180 mil famílias apuradas
O Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, divulgou que em todo o país há pelo menos 180 mil famílias que foram apuradas para beneficiar do Sustenta, 3200 agricultores semi-comerciais, há mais de 200 indústrias. Neste momento decorre a fase de selecção e verificação no terreno.
O Governante disse que, por exemplo, ao nível da província de Gaza foram niveladas mais de 5 mil hectares de terra para a produção do arroz, foram contratados mais extensionistas agrários o que faz com que o número suba de 177 para 367.
Com estes investimentos espera-se que a província de Gaza registe um crescimento na produção do arroz de 50 mil para 70 mil. E pelo menos três indústrias de processamento desta cultura concorreram para receber financiamento. Espera-se ainda que a produtividade possa crescer de 2 para 6 toneladas por hectar e os camponeses passem a ganhar de 36 mil meticais por hectar para 68 mil Meticais.
Enquanto o processo decorre no terreno o MADER continua a mobilizar recursos para financiar o projecto Sustenta junto dos parceiros tradicionais do ministério e não só. No decurso da cerimónia, a União Europeia através do seu embaixador, António Sanchez Benedito, anunciou a disponibilidade de quase 100 milhões de euros para financiar o Sustenta, de um total de 300 milhões de euros que visam financiar projectos nas áreas de desenvolvimento e sustentabilidade.
O embaixador da União Europeia diz ainda que é do interesse da sua instituição apoiar os agricultores moçambicanos a produzir dentro dos padrões exigidos por aquela organização continental para poderem se beneficiar da possibilidade de exportar produtos agrícolas sem pagar taxas aduaneiras e livres de quotas para aquele mercado. Mas é essencial o cumprimento dos requisitos porque trata-se de um mercado bastante exigente.
Os beneficiários dos financiamentos não esconderam a sua satisfação e prometeram incrementar a produção, bem como as áreas por eles cultivadas para responder satisfatoriamente aos apelos do Governo de tornar um país auto-suficiente em termos alimentares, mas que também produza receitas que possam suportar as suas despesas e alcançar a tão almejada independência financeira.
Nos próximos dias, cerimónias similares deverão ocorrer nas restantes províncias do país.