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Tanucha: quando os santos da casa fazem (bem mesmo) milagres

Foto: GDM

De águia ao peito, atingiu os píncaros de África ao se sagrar campeã africana de clubes. De águia ao peito, arrasou internamente – sob o comando do professor Nasir Salé- e mostrou-se ao mundo. Mundo, esse, que em 2020 reconheceu as suas qualidades ao ser eleita para o cinco ideal do grupo “A” do torneio pré-olímpico juntamente com Nneka Ogwumike e A’ja Wilson (americanas), Ana Dabovic (Sérvia) e Ezinne Kalu (Nigéria).

A “Nação”, ou melhor, o histórico Grupo Desportivo Maputo estará eternamente gravado na memória da mais bem-sucedida basquetebolista moçambicana da actualidade, pelo que sempre que possível resgata um gesto de gratidão.

Foi o que aconteceu, ontem, quando Leia Dongue ofereceu material desportivo ao centenário clube, um gesto que pode minimizar as dificuldades pelas quais atravessa e incentivar mais figuras formadas no mesmo a seguirem os seus passos. Conta-se, do material oferecido, 25 bolas de marca “Molten” (número 6), dez pranchas para treinadores, 240 cones (que servirão para a formação), seis pares de coletes.

Curiosamente, no acto, esteve presente Carlos Namutopia, um dos mentores da atleta quando esta pisou pela primeira vez a colectividade vinda do bairro da Liberdade. E, com os olhos a ganharem o azul do mar de tanta emoção, Leia “Tanucha” Dongue reconheceu o papel que o Grupo Desportivo Maputo teve na sua carreira. “Fiz toda minha carreira desde a formação até a fase adulta no Desportivo Maputo e este gesto de oferecer material desportivo especificamente a área feminina do basquetebol é gesto de gratidão para com esta casa que me formou, não sou desportivamente e ajudou-me a tornar-me a mulher que sou hoje”, reconheceu.

Actualmente no Landernu Basket da França, clube para o qual se transferiu depois de ter representado o Kutxabank Araski, Leia Dongue pretende inspirar mais pessoas a contribuírem para resgatar a mística do Desportivo Maputo. “Conforme todos nós sabemos o clube atravessa uma crise e conversei com algumas pessoas ligadas ao clube como o mister Namutapia que está de volta ao Desportivo, espero que possa contribuir para o melhor do clube que é a minha casa e enquanto puder continuarei a apoiar a colectividade”, disse a Internacional moçambicana.

O Desportivo Maputo celebrou, no passado dia 31 de Maio, os 102 anos da sua existência. Na ocasião, o GDM rubricou um acordo de patrocínio com a “Jogabets”. Um passo, e a adicionar o gesto de Leia Dongue, para o Desportivo Maputo reerguer-se e voltar a ter aura de glória.

“Este acto é muito importante para nós por isso viemos aqui privilegia-lo, é muito importante para nós que jogadores que saíram desta casa regressem para mais do que oferecerem matérias e equipamentos desportivos, servirem de inspiração para outros que cá estão, num gesto de lembrar as duas origens da sua casa, é por isso que o Desportivo é uma nação, uma família”, frisou Paulo Ratilal, presidente do Desportivo Maputo.

Leia Dongue é a melhor basquetebolista do país na actualidade. A valorosa atleta começou a sua aventura pelo basquetebol europeu pela porta do Al-Qazers, em 2015-2016, ano em que se transferiu para a LF2 na Espanha, onde foi campeã. A sua segunda casa foi o Gernika, na temporada 2017-2018 na qual evoluiu na Liga Dia.

A consagração no outro escalão, e era de se esperar, veio na temporada 2018-2019 quando campeou ao serviço do Spart Citylift Girona na Liga Dia. Deixou, para não variar e está registado, marcas no Campus Promete antes mesmo de experimentar o basquetebol francês.

Na sua folha de serviço, e vale a pena sempre recordar, Dongue passou pelo Cegled da Hungria, equipa com a qual chegou a disputar a Euroliga.

Dongue rumou à Europa depois de épocas brilhantes no 1º de Agosto de Angola, equipa com a qual conquistou duas Taças dos Clubes campeões africanos em 2015 e 2017.

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