Especialistas em Nutrição alertam para perigos da má alimentação de crianças e mulheres grávidas, decorrentes de tabus criados pela sociedade. Os mesmos falavam durante o painel que tinha como tema desconstruindo tabus alimentares.
A desnutrição crónica em Moçambique manteve-se relativamente inalterada durante os últimos 15 anos. Níveis extremamente elevados de desnutrição crónica (43 por cento) em Moçambique afectam quase uma em cada duas crianças menores de 5 anos alerta a Unicef.
A contribuir para estes números estão os aspectos sociais-culturais, entre eles as desigualdades, educação e os tabus. Foi tendo em conta este último elemento que foi conduzido o painel Mozgrow com tema desconstruindo tabus alimentares.
Para o painel a pergunta de partida era simples. É tabu ou verdade?
A resposta, esta, chegou também simples e ajustada ao tipo de alimento para cada grupo etário, a começar pelas crianças.
“As crianças estão em fase de desenvolvimento e para isso elas precisam de proteína porque ela participa na formação dos músculos e tecidos, e ovo é um alimento que podemos aproveitar de forma integral”, disse Milakishe, estudante finalista de nutrição, esclarecendo depois que “tudo no ovo pode ser aproveitado, a gema, a clara e a casca que contém o mineral cálcio”.
Em relação ao impedimento de crianças para o consumo de arroz, feijão e milho, os nutricionistas deixaram uma garantia. “É tabu porque estes alimentos não constituem perigo para ocorrência de cólicas na criança porque todos eles são alimentos naturais e todos nutrientes por eles fornecidos, o nosso organismo necessita” clarificou o docente Aleixo Luciano.
As crianças tem nas mães a sua primeira fonte de alimento, mas por diversas razões elas tem dificuldade para produzir o leite, recorrendo ao consumo de pratos contendo amendoim para estimular a produção deste líquido.
Milakishe Boane disse que não há evidências específicas da ligação entre o consumo de alimentos contendo amendoim e a produção de leite, mas disse que o amendoim possui gorduras naturais benéficas ao organismo humano e bons para o bebé.
Acrescentando, Aleixo Luciano apontou que a produção de leite pode ser estimulada também com o consumo de outros alimentos, tais são os casos da castanha, sementes de abóbora e gergelim.
Além de contribuir para mortes infantis e para uma má saúde da criança, a desnutrição crónica tem um impacto prejudicial no aproveitamento escolar, na renda familiar e perpetua o ciclo de privação intergeracional.