Um suposto canibal foi surpreendido, na segunda-feira, por populares na posse de carne cozida de uma criança, que provavelmente desenterrou no cemitério de Chimadzi, nos arredores da cidade de Tete.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) frustrou o linchamento do indivíduo, numa altura em que a fúria popular estava a exceder os limites, pois cidadãos queriam ver, a todo custo, morto o presumível canibal.
O indivíduo, de cerca de 30 anos de idade, solteiro, está detido nas nas celas da Polícia
“Detivemos o cidadão para averiguações para apurarmos mais detalhes sobre este crime, como também estamos a fazer em relação ao coveiro,”, confirmou a porta-voz da PRM, em Tete, Lurdes Ferreira, citada pela AIM.
A fonte explicou que a Polícia encontrou, em duas panelas, costelas, braços e pernas de criança cozidos.
“Os agentes também viram roupa e fotografias de defuntos, que tinham sido enterrados naquele cemitério. Portanto, estes são os indícios que podem provar o envolvimento do indiciado na vandalização de campas, para retirar os corpos para o consumo e não só”, contou.
Aparentemente, o indiciado, que vive sozinho, sofre de problemas mentais, que provavelmente foram causados por consumo excessivo de cannabis sativa, vulgo soruma, de acordo com os depoimentos de alguns residentes de Chimadzi.
“Por isso, teremos que contactar o sector da Saúde para nos ajudar nas análises para sabermos se, realmente, sofre de perturbações mentais ou não”, disse a porta-voz.
Este caso ocorre duas semanas depois de terem sido vandalizadas dez campas, sendo nove de crianças e uma de adulto, no mesmo cemitério.
o indiciado foi descoberto quando serviu a carne a uma cidadã numa casa onde estava a ser vendido 'pombe', uma bebida de fabrico caseiro. Ao abrir a tigela, a mulher foi surpreendida com o que lá continha, nomeadamente uma mão e costelas de criança, tendo, de seguida, pedido socorro para se prender o presumível canibal.
Furiosa, a multidão quis recorrer ao linchamento, vontade frustrada pela Polícia, que levou o indiciado à 1ª Esquadra.
O secretário da unidade comunal de Chimadzi manifestou preocupação, pedindo à Polícia para que trabalhe de modo a que esta situação não volte a acontecer naquele cemitério.
“É nossa opinião que a PRM trave esta situação, que é muito dolorosa. Não devemos deixar avançar estes actos, este tipo de crimes, porque ontem falamos de vandalização de dez campas, mas hoje voltamos a descobrir pessoa que desenterra os corpos para o consumo”, afirmou.