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Sufaida Moyane e Samuel Nhamatate contracenam pelos ‘Sobreviventes’

Foto: CCFM

Os actores Sufaida Moyane e Samuel Nhamatate estreiam, às 18h30 desta sexta-feira, a peça teatral Sobreviventes, nas páginas virtuais do Centro Cultural Franco-Moçambicano.

Entre 2012 e 2015, Sufaida Moyane e Samuel Nhamatate apresentaram Cinzas sobre as mãos, em jeito de exercício, na Escola de Comunicação e Artes. Nessa altura, os colegas de turma nem poderiam calcular que seis ou nove depois o contexto iria estimular-lhes a voltar a trabalhar o texto original do francês Laurent Gaudé. Os factos estão aí. A COVID-19 chegou para abalar o mundo e, internamente, o terrorismo em Cabo Delgado…

Assim sendo, quando o convite do Centro Cultural Franco-Moçambicano chegou aos dois actores, ambos decidiram que iriam explorar um momento específico da peça Cinzas sobre as mãos: o monólogo da personagem Sobrevivente e alguns diálogos dos coveiros. Sufaida Moyane e Samuel Nhamatate procederam desse modo porque o espectáculo original é muito longo. Logo, seria impossível encená-lo em meia hora, conforme a sugestão da produção.

Ora, como que a justificar a importância da peça que vai estrear nas páginas YouTube e Facebook do Franco-Moçambicano, Sufaida Moyane lembrou, esta quinta-feira: “A humanidade atravessa um momento de guerra, de insegurança e de medo. Este é um momento de muitas incompreensões. Por isso escolhemos encenar Sobreviventes”.

Samuel Nhamatate não ouviu as palavras proferidas pela colega. No entanto, aparentemente sincronizado, explicou que, apesar de não haver uma referência directa à pandemia ou ao terrorismo em Cabo Delgado, os temas estão lá, cruzando-se com referências ao sangue, às cinzas ou às máscaras. O propósito é claro, disse o actor: “Com esta peça pretendemos fazer com que o público reflicta sobre todo este drama que afecta Moçambique e o mundo. Os grandes culpados de tudo isso somos todos nós. Então, as soluções também só podem advir de nós”.

A tradução para a língua portuguesa de Sobreviventes foi feita pelo encenador Victor de Oliveira. A ficha técnica, com efeito, inclui Alfredo Dzimba (iluminação), Eurico Machava (som) e o Centro Cultural Franco-Moçambicano (produção). A filmagem e a edição da peça foram feitas pela MAC Creative Lines.

Portanto, num contexto em que os auditórios, os teatros e os centros culturais (em geral) estão encerrados, sublinhou Sufaida Moyane, esta é uma oportunidade de quebrarem o que impede os actores de se exprimirem em palco.

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