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“Subida de casos na RAS ainda não é inquietante, mas Moçambique deve ficar em alerta”, Hélder Martins

Foto: O País

Tende aumentar o número de casos positivos da COVID-19 na África do Sul, depois da redução que se verificou até finais de Janeiro. Para o especialista em Saúde Pública, Hélder Martins, o aumento de infecções no país vizinho ainda não é inquietante, mas Moçambique deve ficar em alerta.

Segundo o médico, a média das novas infecções nos últimos dias na África do Sul é de cerca de 4.793 casos por dia, mas, se comparado com a última vaga, em que houve o registo de mais de 30 mil casos, a situação ainda não é preocupante nem consistente.

Ainda não é inquietante, também, porque a subida dos casos ainda não tem muito impacto no número de óbitos. Martins acredita que isso resulte da vacinação, uma vez que aquele país tem altas taxas de imunização, apesar de algumas classes ainda não terem sido vacinadas.

“Mesmo assim, isso é sinal de alerta, tanto que as autoridades sul-africanas já exprimiram a sua inquietação, o que é correcto. Agora e nós aqui, desde a última vaga, estamos numa fase de regressão, neste momento temos uma endemia de baixa intensidade. Agora, por quanto tempo isto vai durar? Isso eu não sei e não acho que alguém consiga responder, portanto temos que ter cuidado, porque, quando a casa do vizinho está a arder, também temos que ficar preocupados”, alertou Hélder Martins.

O interlocutor, que falava em exclusivo ao jornal “O País”, disse que do estudo que fez sobre a situação dos países vizinhos da África do Sul e de Moçambique, nenhum está com situação idêntica à da terra de Jacob Zuma, e isso pode ser sinal de alguma tranquilidade, por enquanto.

Ainda assim, o médico apontou algumas soluções para que a situação continue tranquila, que basicamente se resumem em reforçar as medidas básicas de prevenção. “Aquelas que são bem conhecidas, mas estão a ser negligenciadas pela sociedade”, disse, tendo mencionado a lavagem das mãos e o distanciamento físico.

“Para protecção facial, eu sou a favor do uso das viseiras, porque protegem os olhos pelos quais o vírus entra. Não há necessidade de haver protecção facial nos lugares abertos, onde não há muita gente, se não houver ninguém ao pé de mim, não preciso de ter máscara. Só é preciso em lugares fechados e com aglomerações, como já foi decretado”, realçou.

Outra medida que apontou é nos eventos, como espectaculos culturais e/ou desportivos, a entrada de pessoas com base no controlo do cartão de vacinação. Caso as pessoas não estejam vacinadas, pode ser feito um teste rápido da COVID-19, na entrada, como é feito nas fronteiras.

Hélder Martins foi mais profundo ao dizer que não se deve prejudicar a economia por causa do que chamou de “risco hipotético”. Para a fonte, medidas que prejudicam a economia são completamente descartáveis.

“Andar a mexer nos horários dos restaurantes, recolher obrigatório são medidas sem justificação científica de qualquer natureza, o vírus não tem hora para vir, não se deve mexer nas praias porque as pessoas precisam de apanhar sol e a vitamina D é fundamental”, sublinhou e acrescentou que o encerramento de fronteiras também não é solução.

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