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“Sinto-me honrado em ser reconhecido pela Cosafa”

O antigo capitão da selecção nacional de futebol, os Mambas, Manuel Bucuana, mais conhecido nos meandros futebolísticos como Tico-Tico, foi nomeado embaixador da Cosafa 2018. Diz sentir-se honrado por ser reconhecido pelo trabalho e carreira que fez ao longo do tempo.

Ademais, considera que os Mambas tem hipóteses de passagem aos quartos-de-final deste torneio regional, apesar de ter iniciado com uma derrota diante do Madagáscar. Tico-Tico diz que a vitória diante da Zâmbia abre boas perspectivas de qualificação a fase final do CAN-2019, que terá lugar nos Camarões. Estas são declarações que Tico-Tico fez durante uma entrevista realizada em Polokwana, cidade que acolhe a edição 2018 da Cosafa. Acompanhe o excerto da entrevista.

Estamos na 18ª edição deste torneio Cosafa. Como olha para esta competição?

Penso que tem estado a crescer a cada ano. Todos passamos desta competição e nos deu o nome que temos. É um torneio apetecível em que muitos jogadores gostariam de disputar e onde os jovens são lançados. É um torneio importante para a nossa zona. Como moçambicano gostaria que um dia Moçambique pudesse ganhar porque nunca ganhamos uma competição ao nível de selecção. Já estivemos em duas finais desta prova e não conseguimos vencer e penso que é possível. Mas temos que levar o torneio mais sério e não apenas como preparação ou para lançar jovens, mas também com objectivo de ganhar. Para esta edição temos que correr atrás e contar com a sorte porque já perdemos o primeiro jogo. É um torneio realístico em termos de pensar em ganhar quando comparado com os CAN´s, onde muitas vezes nem nos qualificamos e neste torneio é possível pensar e lutar para ganhar e para tal temos que começar a ganhar jogos dentro do campo.

Tico-Tico passou deste torneio e é uma figura reconhecida na região. Como se sente por ser sempre convidado e hoje ser o embaixador desta competição?

Sinto-me honrado porque é um reconhecimento de todo um trabalho, uma carreira feita nesta zona, acima de tudo, concretamente na África do Sul, e sempre fiz parte do torneio Cosafa. Sinto-me reconhecido pela minha contribuição no futebol de Moçambique e no futebol do continente africano e, portanto, é sempre uma honra representar Moçambique a este nível e é gratificante saber que tudo o que fizemos ao longo da carreira é reconhecido a este nível. Portanto, para mim é uma honra estar aqui.

Mambas ainda podem chegar a fase seguinte da Cosafa

O que achou da derrota de Moçambique, mais uma vez diante do Madagáscar?

Foi um resultado infeliz, tendo em conta que a equipa não esteve muito bem, principalmente na primeira parte, onde jogou retraída e saía esporadicamente para o ataque. Na segunda parte esteve melhor, mas penso que a selecção da Madagáscar mostrou-se melhor que nós. Era de esperar mais da nossa selecção, porque a maioria dos jogadores que estão aqui compõem a equipa principal e vão fazer deste torneio uma preparação para os jogos que vem pela frente de qualificação ao CAN. Entramos com pé esquerdo mas ainda há dois jogos e espero que até lá a selecção consiga passar esta fase para ter hipóteses de ir mais a frente.

O que acha que o seleccionador tem que fazer para que a equipa possa vencer os dois jogos que restam?

Já não temos espaço para falhar e temos que vencer os dois jogos seguintes. O seleccionador esteve aqui a ver as duas selecções que vamos defrontar e penso que estão ao nosso alcance. Mas naturalmente há coisas que tem que mudar. Notei que a equipa joga bem e troca muito bem a bola, mas no sector recuado e falta soluções mais a frente. Tínhamos quatro jogadores na mesma linha da frente e tem que haver mais movimentações. Notei que com a entrada de Kamo Kamo a equipa melhorou muito porque trouxe mais dinâmica e velocidade e penso que é um jogador que se pode apostar nos próximos jogos porque tem mais raiva. Tem que se imprimir mais dinâmica no jogo e obrigar a equipa adversária a cometer mais erros. O que estávamos a fazer era trocar a bola muito longe das zonas de perigo e isso não causa perigo ao adversário. Temos que atacar mais e fazendo isso teremos mais chances para fazer golos.

O seleccionador trouxe jogadores novos para esta competição, alguns deles vindos dos sub-20. O que pensa deste rejuvenescimento que Abel Xavier está a fazer na selecção?

É um processo, mas não podemos nos esquecer que estamos em alta competição e na alta competição exige-se resultados. Conversei com o seleccionador e notei que há intenção de rejuvenescer a selecção, trazer novas caras, novos jogadores, mas também há a obrigação de vencer jogos e são duas situações muito difíceis de gerir. Penso que ele (Abel Xavier) está a tentar, na medida do possível, fazer isso, mas a base da equipa são os jogadores mais experimentados e quando é assim, os jogadores mais jovens podem se integrar facilmente sem sentir a pressão de querer resolver os problemas da selecção. Penso que é um processo longo, mas infelizmente não temos esse tempo porque queremos resultados. Abel Xavier terá que encontrar uma fórmula que funcione e que dê hipóteses dos mais novos aparecerem na equipa principal, mas sem descurar dos que fazem parte da equipa principal que podem trazer bons resultados a este nível.

Ainda assim pensa que há possibilidades de qualificação à outra fase?

Penso que sim. Ainda temos dois jogos pela frente e pelo que vejo das outras equipas, tanto Comores como Seychelles, não são selecções que são superiores à nossa, tirando Madagáscar que já tem mais tarimba e mais experiência tal como nós. Estas duas selecções estão ao nosso alcance e penso que cabe a nós termos iniciativa de jogo e não temermos e irmos para frente deles. Penso que temos equipa e jogadores capazes de conseguir os pontos que necessitamos para chegar a próxima fase.

Moçambique tem hipóteses de chegar ao CAN-2019

Moçambique já venceu um jogo de qualificação ao CAN-2019. Depois de vencer a Zâmbia, há possibilidades de, com esta selecção, chegarmos a fase final do CAN-2019?

Tenho fé que sim. Começamos com pé direito. Uma vitória fora de casa é sempre bom. Foi uma vitória que, acima de tudo, para além dos três pontos, tem questões morais, pois é algo que não se conseguia, que é vencer a Zâmbia, ainda mais na Zâmbia. Penso que começamos com pé direito e vamos usar este torneio como preparação. Faltam jogadores que jogam a outro nível, que jogam fora de portas e penso que quando se juntarem ao grupo, a selecção vai continuar forte e poderão fazer uma boa campanha e com fortes hipótese de se qualificar. Penso que o mister Abel Xavier está a fazer a fazer um trabalho visível. Mas, como eu disse, é um processo e precisa de tempo. Mas infelizmente em alta competição os resultados é que contam e ele (Abel Xavier) tem que ganhar os jogos e espero que consiga fazer isso e que Moçambique possa voltar o mais rapidamente possível a um CAN.

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