Os Mambas jogam este sábado a última cartada da fase de grupos do CHAN, diante da anfitriã Argélia. Um empate nesta partida coloca o combinado nacional, pela primeira vez, na segunda fase da prova.
A história é escrita de actos e factos. A dos Mambas está a ser escrita em parangonas. Pela primeira vez, Moçambique poderá “ousar” alcançar um feito histórico, caso se qualifique para a segunda fase do CHAN, prova destinada aos jogadores que militam nos campeonatos domésticos. Isso é, até aqui, o de menos.
Recuando 72 horas, os Mambas escreveram um pedaço de história na literatura desportiva moçambicana, enriquecendo os parcos manuais da sua epopeica caminhada em terras argelinas.
A vitória sobre a Líbia, por 3-2, por sinal a primeira no histórico das seis participações do combinado nacional em fases finais dos campeonatos africanos, coloca Moçambique num mapa com detalhes à cor-de-rosa no concerto das nações. Motivos há, até de sobra.
Antes visto como um país sem argumentos válidos no contexto do futebol africano, mais do que fazerem o povo moçambicano exultar, os Mambas deram um soco no estômago dos cépticos.
O triunfo diante da selecção do país de Muammar Gaddafi tirou os rapazes de Chiquinho Conde da posição de heróis improváveis para um lugar restrito de jogadores obstinados. Ora, é apenas uma batalha vencida e não a guerra. Venha daí!
A UM EMPATE DA SEGUNDA FASE
Quarenta e oito horas separam os Mambas da segunda fase do CHAN, um desejo que faz levitar sonhos dos moçambicanos ávidos de testemunharem mais um capítulo na história do futebol nacional.
E porque o sonho comanda a vida, há uma sagrada esperança de que é possível conseguir tal feito. Os Mambas jogam, este sábado, a última cartada da fase de grupos diante da Argélia, numa partida em que o combinado nacional tem de, no mínimo, garantir um empate, de modo a não depender de terceiros.
É que, caso empate com os argelinos, os Mambas vão somar cinco pontos na tabela classificativa do Grupo A, terminando a primeira fase na segunda posição, atrás da anfitriã Argélia que, até aqui, é a única selecção totalista em termos de resultados.
Ou seja, os argelinos somam seis pontos, fruto de duas vitórias sobre a Líbia e a Etiópia. Em caso de derrota, o combinado nacional vai terminar esta fase com quatro pontos. Com esse cenário, os Mambas estariam dependentes da Etiópia para garantir a qualificação para a outra fase. É que um triunfo dos etíopes com mais de três golos colocaria Moçambique em desvantagem no confronto directo. As duas equipas empataram sem abertura de contagem no jogo inaugural do CHAN.
ABORDAR O JOGO COM CALMA
O conceituado treinador, Uzaras Mahomed, considera que o jogo diante da Argélia será difícil para os Mambas, sobretudo pelo facto de os argelinos jogarem em casa.
Apesar desse aparente favoritismo da Argélia, o técnico moçambicano responsável pela conquista do último título do Desportivo Maputo em 2006 diz que o combinado nacional está em condições de discutir o jogo em pé de igualdade com os argelinos.
“Se eles mantiverem a postura que apresentaram no jogo contra a Líbia, mormente na segunda parte, creio que poderemos discutir o resultado até às últimas consequências”, disse Uzaras Mahomed, sublinhando que esta geração é uma mescla de jogadores experientes, como é o caso do Telinho, Kito e Isac, mas também de atletas talentosos e que estão à procura de um lugar ao sol.
Esse elemento é, segundo Uzaras, catalisador para que a selecção alcance bons resultados, aliado à união que se tem verificado nos jogadores e a equipa técnica. Ainda em relação à partida contra a Argélia, Uzaras Mahomed alerta que o combinado nacional deve abordar o jogo com muita cautela, tendo em conta que os argelinos têm jogadores muito rápidos e esclarecidos tacticamente.
“É preciso corrigir alguns erros cometidos nos primeiros dois jogos. Chiquinho Conde é um treinador inteligente, pelo que acredito que ele tenha feito um trabalho de casa. Por exemplo, no jogo contra a Líbia, ele soube fazer bem a leitura, razão pela qual as suas substituições surtiram efeitos”, alerta o técnico.
O jornalista desportivo, Egídio Plácido, também corrobora com Uzaras. Para ele, os Mambas devem apostar num jogo calculista, facto que poderá adormecer o adversário e, por via disso, surpreendê-lo em situações de contra-ataque.
“Os Mambas têm bons executores. Temos de saber tirar proveito da força de vontade desses jogadores. Chiquinho tem sabido tirar o máximo de cada jogador. Isso é muito bom”, diz Plácido, alertando que esta partida será mais táctica que outra coisa.