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Sérgio Tamele, exemplo de resiliência juvenil em épocas de crise de emprego

Por: Elcídio Bila

Celebra-se, próximo sábado (12), o Dia Internacional da Juventude. E, mais uma vez, um dos assuntos que mais agita esta efeméride, em quase todo mundo, e incluindo Moçambique, é a crise de emprego. Este ano, como se não bastasse, associa-se a este fenómeno o facto dos trabalhadores púbicos auferirem os seus salários de forma desordenada.

De acordo com o Boletim Informativo do Mercado do Trabalho, referente ao primeiro trimestre de 2023, o emprego registou uma redução de 46,5% em relação ao período anterior. Trata-se de uma situação que acometeu todas as províncias, com excepção da Zambézia e Manica.

No trimestre em análise, o desemprego registado nos Centros de Emprego aumentou 0,2% em relação ao período anterior e continuam a afluir a procura de emprego.

Uma das alternativas para contornar a crise de emprego, na cidade e província de Maputo, por exemplo, tem sido o auto-emprego, que cresce exponencialmente.

Sérgio Tamele despertou mais cedo e há mais de 10 anos que se dedica ao empreendedorismo, ajudando mais de 25 jovens, da cidade e província de Maputo, a ter emprego, através da sua rede de lojas espalhadas nos distritos de Marracuene e Manhiça. São seis no total, na vila-sede da Manhiça, em Xinavane, Palmeira, Maragra e vila de Marracuene.

Tudo começou por uma papelaria, em 2010, onde o foco eram fotocópias e trabalhos de impressão. Mas o seu trabalho, baptizado Inforword, cresceu substancialmente dois anos depois, quando se tornou agente e distribuidor de equipamento de transmissão de TV por satélite, para além de realizar recarregamentos, instalações e assistência técnica.

“Quando começamos a parceria com a DStv e GOtv, começamos a ter uma avalanche de clientes e com problemas variados, o que nos permitiu adquirirmos experiência, de várias maneiras, para saber atender ao cliente final”, partilha Tamele, assumindo que “foi desafiante, mas nos permitiu ganhar outra visão no atendimento ao cliente, contrariamente à papelaria que era uma rotina normal.”

A Inforword atende uma média de 200 clientes por mês, onde consegue vender mais de 700 kits de diversos equipamentos de transmissão de TV, mais de 150 subscrições e 30 mil instalações e assistências.

Um dos resultados a ter em conta neste negócio é que, quatro anos depois do arranque, Tamele conseguiu erguer de raiz a sede da empresa na vila da Manhiça, “uma das grandes conquistas que tivemos através deste trabalho”, passando a ser o local preferencial para aquisição de material de papelaria e equipamentos da DStv e GOtv em toda a vila.

Tamele concorda com as estatísticas actuais de falta de emprego, mas, não se prende nisso, convida aos jovens a ter uma visão mais ampla de forma a perceber o que pode ser de mais-valia para garantir a sua sustentabilidade. “Seria bom que aquele que não tem um emprego fixo pudesse aproveitar todas as oportunidades possíveis”, referiu o nosso entrevistado, dando exemplo de um amigo que iniciou um negócio de aluguer de material de decoração para eventos num salão de festas que não provia esse material.

Portanto, acrescenta, “é este tipo de mentalidade que devemos ter quando estamos a atravessar um mau momento, em vez de esperar por um emprego, pois a vida não se resume apenas nisso.”

Sérgio Tamele tem 43 anos e é residente na Manhiça, onde o seu negócio despontou, mas hoje alastra-se por vários quadrantes da província de Maputo. Licenciado em Informática e concluindo um mestrado em Administração e Gestão de Empresas, é um de muitos empreendedores que luta conta a maré da falta de emprego no país e, mais do que isso, cria postos de trabalhos para muitos jovens, sobretudo os que se aventuram pelo primeiro emprego.

 

 

 

 

 

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