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Selecção masculina de basquetebol “despejada” do hotel no Zimbabwe

Foto: FIBA-África

Nas vésperas da finalíssima diante do Zimbabwe, os jogadores e técnicos passaram por momentos nada confortáveis em Bulawayo, palco da fase de apuramento da zona VI para o Afrocan 2023. A pronta intervenção de dois membros do Governo zimbabweano, ligados à área de desporto, e alguns homens ligados à modalidade da bola ao cesto no país foi determinante para desbloquear a situação. Os governantes asseguraram que os moçambicanos continuariam a ter acesso ao local de hospedagem bem como alimentação.

Num caso sem igual, a selecção nacional de basquetebol sénior masculino viu-se à nora em Bulawayo, Zimbabwe, onde disputa a fase de qualificação da zona VI para o Afrocan 2023.

É que, domingo, os atletas e treinadores foram forçados a abandonar o hotel onde estão hospedados devido à falta de pagamento de valores relacionados com as despesas de hospedagem.

Regra geral, quando se organiza este tipo de competições, os comités organizadores, por instrução da FIBA-África, fixam valores de taxa de participação por cada delegação.

No caso, a organização do torneio da zona VI de acesso ao “Afrocan” fixou o valor diário de USD 90 (perto de 5400,00 Meticais convertidos ao câmbio do dia) por cada membro de delegação para despesas de acomodação, transporte interno ou se quisermos local, alimentação assim como desembolso para suprir questões relacionadas com arbitragem. O valor global situava-se em USD 13 mil, equivalente a 780 000,00 Meticais, quando convertidos ao câmbio do dia).

Espantosamente, aconteceu que, depois de exigido o valor, a delegação moçambicana não teve respostas para os organizadores que não mais fizeram senão dar ordens para retirada do hotel.

Foi preciso, em meio a telefonemas de última hora, a mediação por parte de elementos da União de Basquetebol do Zimbabwe, FIBA-África ao nível da zona VI e a delegação moçambicana.

A pronta intervenção de dois membros do Governo zimbabweano, ligados à área de desporto, e alguns homens ligados à modalidade da bola ao cesto no país foi determinante para desbloquear a situação. Os governantes asseguraram que os moçambicanos continuariam a ter acesso ao local de hospedagem bem como à alimentação.

Em termos práticos, as delegações partem para competições internacionais já com projecção das suas despesas seja de dinheiro de bolso e taxas inerentes a vários aspectos de acordo com a definição ou fixação dos organizadores.

Daí que se questiona como é que a Federação Moçambicana de Basquetebol, órgão reitor do basquetebol nacional, foi encontrado no meio deste cenário que em nada abona a modalidade, em particular, e o país, em geral.

E ainda como é possível deslocar uma equipa para o estrangeiro e, quase no fim da prova, não haver dinheiro para pagamento de despesas de organização da mesma.

A selecção masculina de basquetebol, contrariamente à feminina, não dispõe das mesmas condições há já algum tempo. A título de exemplo, para esta fase de qualificação para o “Afrocan” e “Afrobasket”, no Zimbabwe, os seniores femininos contam com o apoio de uma multinacional. Há anos, num caso que deixou os amantes do basquetebol agastados, a selecção sénior masculino não só viajou em péssimas condições de autocarro para o Zimbabwe como também depois de assegurar a qualificação para o Afrocan, não teve a possibilidade de disputar a fase final por alegada falta de condições financeiras.

A Federação Moçambicana de Basquetebol recebe, anualmente, um valor do Fundo de Promoção Desportiva (FPD) para a realização das suas actividades anuais. Este valor reduziu drasticamente nos últimos anos, sendo que as agremiações procuram igualmente patrocinadores que possam custear as suas actividades.

Dentro do plano de actividades, e face à limitação orçamental, as agremiações podem definir a prioridade em termos de realização de competições. Há exemplo da África do Sul, que desistiu da fase de qualificação para o “Afrocan” 2023 alegadamente por limitações financeiras.

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