Trabalhadores de segurança privada admitem estar despreparados para enfrentar os raptos. Dizem ainda que há seguranças cujas armas não funcionam. Entretanto, as empresas negam parte dos problemas arrolados.
Um vídeo de uma câmara de segurança retrata um rapto ocorrido em Fevereiro deste ano na zona baixa da Cidade de Maputo. Os raptores entraram disfarçados de clientes e levaram a vítima.
O estabelecimento até tinha um segurança que só aparece no fim, aparentemente em fuga e assustado. Aliás, ele mesmo reconheceu à STV que não tinha capacidade de resposta. “Pareceu tudo combinado, todos tinham armas e eu não sabia o que fazer”, contou o segurança.
E o que, então, são capazes de fazer os seguranças que vemos todos os dias, aparentemente, a proteger estabelecimentos, instituições públicas, privadas, entre outras?
Colocamos a questão ao Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Segurança, que dá a mão à palmatória. “Os clientes caem muitas vezes num erro, eu arrisco em dizer que, em algumas empresas, aquelas armas não funcionam”, afirmou Boaventura Sibinde.
O secretário vai mais longe. Revela que as empresas de segurança não têm qualidade. Ao problema, adiciona-se o facto de vários seguranças trabalharem sem armas e, segundo, “mesmo com arma, o segurança não serve para nada”.
Mais grave ainda é que os próprios seguranças, responsáveis pela protecção de vários estabelecimentos, reconhecem que não estão preparados para responder aos raptos.
“Se formos a ver, muitos seguranças não têm treinamento, as empresas de segurança recrutam as pessoas sem seguir os trâmites legais”, revelou.
Ouvidos pela nossa reportagem, os profissionais de segurança dizem trabalhar com as mínimas condições existentes. “Por exemplo, os atiradores não têm contrato e muito menos seguro de vida. Que motivação para trabalhar?”, questionou um segurança.
Mas, de que forma pode reagir um segurança diante desta incapacidade?
“Eu tenho que criar condições de alertar a intervenção da minha empresa para vir até ao local, se não chegarem a tempo, tenho que me render”, respondeu outro segurança.
As empresas, que actuam na área de segurança, estão congregadas em associação, cujo representante diz que maior parte dessas fragilidades são registadas nas firmas que não estão filiadas à agremiação.
De acordo com o decreto 9/2007/ de 30 de Abril, o Ministério do Interior tem a obrigação de criar um centro de formação profissional para os seguranças.
“Nos últimos tempos, surgiram várias empresas de segurança que não cumprem com os procedimentos”, reconheceu o representante da Associação das Empresas Privadas de Segurança, Odair Bila.
O responsável diz não ter conhecimento da existência de empresas de segurança cujos trabalhadores possuem armas que não funcionam.