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Seca no sul: Pelo menos 309 mil pessoas em insegurança alimentar

Pelo menos 309 mil pessoas estão em insegurança alimentar nas em Gaza, Inhambane e Maputo por causa da seca. O solo está seco e a água é escassa. Ainda assim, há comunidades que procuram fazer sacrifícios para resistir a fome

O distrito de Chigubo localizado na parte norte da província de Gaza, está entre os mais afectados pela pior seca, de que se tem memória nos últimos 30 anos.

Segundo dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades oficiais, 12.786 mil pessoas estão com falta de alimentos. Foi em Chigubo onde “O país” encontrou Mónica Francisco, natural de Zambézia, mas residente neste ponto do país há mais de 20 anos.

Começou a praticar a agricultura na baixa do Tchelefo há cinco anos. “O que me dá forças para praticar a agricultura é a fome. Assim como tenho seis filhos preciso alimentá-los”, disse.

Tal como o grosso da população de Chigubo, Mónica tem na agricultura e na pecuária a base da sua sobrevivência, duas actividades que sem água não existem. Por isso, recorre a uma pequena lagoa lamacenta, descalça, ignorando todos os perigos para ter água para manter as suas culturas vivas.

“Aqui semeei tomate, alface, cebola e verduras. Tinha muito tomate aqui, vendi e comprei um saco de arroz para dar aos meus filhos. Essas culturas me ajudam”., revela.
Além da lagoa, Mónica também busca água num fontenário, que segundo conta é bastante concorrido, mas todo sacrifício é valido para que sua família tenha o que comer. “Este sistema de fontenário é que nos está a ajudar. Mas as vezes devo dormir ali. Mesmo que faça um sol intenso, durmo ali para conseguir água para regar e alimentar os meus filhos”.

A escassez de água é um problema que repete-se noutros pontos do distrito de Chigubo, ainda assim, os produtores do campo de hortícolas de Ndindazive fazem de tudo para não parar a produção.

“Aqui plantamos cebola, tomate,couve, repolho e feijão. Essa produção serve para consumir, e também para vender para as outras pessoas que não têm campos de cultivo”, explicou o produtor, Eugénio Chaúque.

Já na província de Inhambane, mais concretamente no distrito de Mabote, o mais afectado pela seca, onde 20.738 mil pessoas estão com insegurança alimentar, um grupo de 10 agricultores adoptou a técnica de uso de potes de barro para manter a humidade nos campos de cultivo. Os potes foram adquiridos a 30 meticais cada, e são enchidos com recurso a uma mangueira que está ligada a um sistema de abastecimento de água.

“A população está a aderir essa ideia porque poupam água e tempo. Podem ficar até quatro dias sem regar”, explicou o técnico, Bento Maunze.

Dados fornecidos pelo INGC indicam que entre Maio a Setembro corrente, existiam na região sul, um total de 309.187 mil pessoas em Insegurança Alimentar Aguda, que necessitam de assistência humanitária. Sendo que 209.515 mil pessoas estão em Gaza, 66.465 mil pessoas em Inhambane e 33.207 mil pessoas estão na província de Maputo. Caso a situação não melhore, prevê-se que em Fevereiro de 2020, 370.194 mil pessoas estejam em insegurança alimentar nas três províncias.

As previsões meteorológicas apontam para a ocorrência de chuvas normais, nos primeiros três meses, da época chuvosa 2019-2010 com tendência para acima do normal nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane. Enquanto isso, diante da escassez de água, sementes, e pasto a população da região sul procura resistir aos efeitos devastadores da seca.
 

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