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“Se projectos de gás atrasarem, crise prevalece”

“Se houver atraso no arranque desses projectos de gás natural, significa que, provavelmente, vamos viver períodos difíceis por mais tempo”, defendeu, ontem, o economista-chefe do Standard Bank, Fausio Mussa, durante o “2017 Economic Briefing”, um evento onde o banco apresenta o sumário e as projecções da economia nacional e internacional. É que a demora adia os investimentos e, como consequência, não haverá cobrança de impostos e taxas a essas empresas.  

Para o Standard Bank, é muito arriscado alimentar as expectativas de crescimento económico com base nos projectos de gás natural, apesar da decisão final de investimento aprovada recentemente pelo consórcio liderado pela companhia italiana ENI, que vai explorar a Área 4 da bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, norte do país.

Este posicionamento surge numa altura em que o Governo publicita que “Moçambique está de volta” e o Banco de Moçambique diz que a gestão da crise no sistema financeiro chegou ao fim.

Sobre as dúvidas em relação ao fim da crise, o economista do Standard Bank diz que, do lado militar e bancário, há sinais de melhoria, mas ainda faltam reformas profundas que devem ser feitas pelo Governo.

“Enquanto não houver uma maior consolidação fiscal, uma restruturação das empresas públicas e melhorar as perspectivas de evolução desse tipo de negócios, provavelmente o Banco Central não vai poder fazer muito do ponto de vista da redução das taxas de juro. Eu penso que, do ponto de vista fiscal, a palavra crise se mantém”, diz o economista-chefe do Standard Bank.

Fausio Mussa explica, no entanto, que o anúncio da decisão final de investimento e a aprovação das concessões marítimas pelo Governo, para permitir o avanço dos projectos nas áreas 1 e 4 da bacia do Rovuma, constituem  sinais encorajadores para o país. isso mostra, segundo Mussa, que os investidores continuam a olhar para Moçambique como um mercado potencial e apetecível.

Por outro lado, o economista prevê que muitas empresas que fecharam devido à crise terão enormes dificuldades em retomar as actividades. Para Fausio Mussa, o actual crescimento económico do país é, de certa forma, irrealista. “Um elevado número de empresas não sobreviveu à crise, muitas empresas fecharam e não terão a oportunidade de voltar a abrir.  Isso faz-nos questionar toda a discussão à volta do Produto Interno Bruto (PIB), porque o produto está a recuperar, provavelmente, depois de ter crescido ao nível mais baixo no último trimestre do ano passado. A perspectiva deste ano é que continue a acelerar, mas é preciso compreender que grande parte dessa aceleração do PIB vem de um sector exportador, que é o sector mineiro, o carvão“, afirma Fausio Mussa.

Participaram no “2017 Economic Briefing” banqueiros, economistas, gestores públicos e privados, empresários, académicos e outras individualidades.

 

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