A Sasol anunciou um reforço substancial no financiamento dos Acordos de Desenvolvimento Local (ADL) nas zonas onde opera em Moçambique, particularmente na província de Inhambane. Para o quinquênio 2025-2030, a multinacional sul-africana prevê injectar 43 milhões de dólares norte-americanos, valor que mais do que duplica os recursos aplicados no ciclo anterior, e que permitirá expandir a cobertura de 37 para cerca de 70 comunidades beneficiárias.
Segundo o Diretor-Geral da Sasol em Moçambique, Ovídio Rodolfo, que fala em exclusivo ao jornal O País, durante a sexagésima edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), os novos acordos, assinados a 30 de junho de 2025, marcam uma nova fase na estratégia da empresa de aprofundar a sua responsabilidade social corporativa, alinhada às políticas do Governo para a indústria extrativa. “Saímos de 20 milhões para 43 milhões de dólares, o que representa um salto significativo. Além disso, entramos agora num distrito que antes não estava contemplado, Vilanculos, o que demonstra o crescimento da nossa cobertura geográfica”, explicou o responsável.
O investimento vai beneficiar diretamente milhares de famílias que vivem na área de exploração de gás natural, sobretudo nos distritos de Inhassoro, Govuro e agora Vilanculos. Para Rodolfo, trata-se de um compromisso com a melhoria das condições de vida das comunidades vizinhas aos projectos da empresa. “Passamos de 37 para cerca de 70 comunidades. Isto significa não apenas maior abrangência, mas também maior impacto social, com investimentos em áreas prioritárias que foram definidas em conjunto com os governos locais e as próprias comunidades”, acrescentou.
Um dos aspetos destacados pela Sasol é o impacto positivo na dinamização da economia local, sobretudo através da valorização do chamado conteúdo local. Nos últimos cinco anos, a multinacional apostou em programas de capacitação e acreditação de pequenas e médias empresas moçambicanas, permitindo que estas pudessem competir em pé de igualdade com fornecedores internacionais.
“Quando assumimos os primeiros acordos, a participação das empresas nacionais no fornecimento de bens e serviços rondava níveis muito baixos. Hoje, cerca de 50% das nossas aquisições são feitas a fornecedores moçambicanos. Do universo de 55 milhões de dólares gastos anualmente, mais de metade vai para empresas locais”, revelou Ovídio Rodolfo.
O impacto é particularmente visível em Inhambane, onde as empresas locais aumentaram de forma exponencial a sua participação. “Há cinco anos, as empresas da província faturavam menos de 500 mil dólares com a Sasol. Hoje, esse valor ascende a 13 milhões de dólares, resultado direto do trabalho de capacitação e do procurement preferencial que adotamos. Isso representa uma verdadeira transformação económica para as comunidades locais”, sublinhou.
À nossa redação, o Diretor-Geral da Sasol detalhou ainda as áreas de investimento prioritárias dos ADL II, estruturadas em três pilares. O primeiro diz respeito a programas estratégicos, que incluem o acesso à água, saneamento básico e cadeias de valor locais, como a pecuária bovina e caprina ou o processamento de frutas, iniciativas que visam aumentar a renda das comunidades.
O segundo pilar abrange as chamadas infra-estruturas independentes, como sistemas de abastecimento de água, escolas, hospitais e outras obras de impacto coletivo. Já o terceiro foca-se em projectos de pequena escala, definidos directamente pelas comunidades, que incluem campos de futebol, centros comunitários e outras infraestruturas sociais. “Neste momento temos já uma lista preliminar de projetos, que se encontra em fase de discussão e seleção final. Em breve entraremos na etapa de implementação”, garantiu Rodolfo.
Além do reforço no fundo dos ADL, a Sasol avança também para a fase final de implementação do projecto de gás doméstico em Inhambane. Este investimento, avaliado em cerca de 730 a 740 milhões de dólares, encontra-se na fase de comissionamento e deverá entrar em plena produção entre outubro e novembro de 2025.
A licença PSA (Production Sharing Agreement), que sustenta o projecto, prevê que cerca de 60% do gás seja monetizado dentro do país, através da central térmica de Temane, actualmente em construção, e da produção de gás de cozinha, destinado a substituir importações. “Se tudo correr conforme o planeado, a fábrica de gás doméstico entrará em funcionamento no final de outubro, o que permitirá reduzir em cerca de 60% as importações atuais, fortalecendo a autonomia energética de Moçambique”, referiu o Diretor-Geral da Sasol.
Com este novo pacote de investimentos, a Sasol procura consolidar a sua presença no sector energético nacional, ao mesmo tempo que reforça a sua ligação com as comunidades locais e promove o desenvolvimento sustentável da província de Inhambane.

