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Sandra Tamele traduz ‘Miramar’ do Nobel da Literatura Naguib Mahfouz

A editora e tradutora Sandra Tamele está a traduzir para a língua portuguesa a novela Miramar, do Prémio Nobel da Literatura Naguib Mahfouz. O livro será editado no país pela Trinta Zero Nove.

 

Entre 28 de Janeiro e 1 de Fevereiro, Sandra Tamele participou na 53a edição da Feira do Livro do Cairo, no Egipto. Além de visitar as Pirâmides de Gizé, a editora e tradutora tratou de livros, no programa profissional Cairo Calling, para editores, com vista a estabelecer pontes literárias entre o universo árabe e o resto do mundo afinal.

Como se diz na gíria popular, Sandra Tamele não voltou do Norte de África  com as mãos a abanar. Pelo contrário. No Egipto, conseguiu um contrato para traduzir para a língua portuguesa a novela Miramar, de Naguib Mahfouz. “Estou extremamente orgulhosa e, ao mesmo tempo, temerosa porque sou esta mulher pequena que tem nas mãos a tarefa de trazer esta importante obra para os moçambicanos”, confessou, esta segunda-feira, a tradutora.  

O exercício de tradução da obra do escritor egípcio, Prémio Nobel da Literatura em 1988, na verdade, já iniciou. Trata-se de um livro editado pela primeira em 1967, de um dos mais notáveis autores africanos, com cerca de 50 obras literárias publicadas, em 70 anos de percurso. Além de literatura, o escritor egípcio colaborou com o cinema, sempre marcando, como autor, várias gerações de escritores africanos, inclusive moçambicanos.

Considerando o perfil de Naguib Mahfouz, Sandra Tamele assumiu que “orgulhosa” e “realizada” são duas palavras que definem exactamente aquilo que está a sentir desde que conseguiu o contrato de tradução, embora esta não tenha sido a primeira vez a lidar com a obra de um Nobel da Literatura como tradutora. Há alguns anos, traduziu o livro A morte e o cavaleiro real, do escritor nigeriano Whole Soyinka, Prémio Nobel da Literatura em 1986, para a editora moçambicana Ethale Publishing. “Fui uma menina que descobriu o Whole Soyinka nas prateleiras do meu pai. Então, ver o meu nome associado ao Prémio Nobel da Literatura, nesta minha tradução que saiu pela Ethale Publishing, é uma honra”.

O convívio com os Nobel da Literatura pode ter começado com Soyinka, no entanto, a tradutora guarda lembranças e conversas simpáticas que tem mantido nas suas viagens por diferentes feiras do livro. Com outros Nobel da Literatura. Por exemplo, o escritor turco Orhan Pamuk e o mais recente Nobel da Literatura, o tanzaniano Abdulrazak Gurnah. Segundo disse esta segunda-feira, ambos entusiasmaram-se ao saber que era moçambicana. Será que aí vem mais traduções de obras literárias de autores premiados com o Nobel da Literatura? Sandra Tamele não se referiu a nada disso, mas o tempo, quem sabe, trará respostas. 

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