O País – A verdade como notícia

Samora Machel Júnior sugere limpeza de “fileiras” na Frelimo

O membro do Comité Central da Frelimo e filho do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel Júnior, denuncia assassinato de quatro pessoas em Chiúre, em Cabo Delgado, supostamente por agentes da Polícia da República de Moçambique. Machel diz que a Frelimo deve livrar-se de pessoas que protagonizam actos antidemocráticos e antipatrióticos contra o povo pelo qual o partido jurou lutar.

Numa carta dirigida aos camaradas, Samora Machel Júnior, membro do Comité Central da Frelimo, começa por fazer uma denúncia.
“Quatro concidadãos foram mortos a bala em Chiúre por conta de diferendos eleitorais, foram mortos pelas balas disparadas pela Polícia da República de Moçambique”

É só uma introdução para um texto que, depois, só fala com os camaradas e esclarece que o faz na qualidade de membro da direcção máxima da Frelimo, que é o Comité Central.

Diz ele, “Aqui e ali, por todo Moçambique o clamor do povo é de desacordo perante os atropelos flagrantes à integridade das escolhas feitas pelos eleitores durante o processo das eleições autárquicas do último dia 11 de Outubro de 2023”.

Ademais, ele fá-lo “com sentimento de profunda identificação com os ideiais e história do partido, expresso o meu total desacordo e desdém aos actos antipatrioticos, profundamente antidemocráticos, que, embora sejam praticados em suposta defesa dos interesses do partido Frelimo, no ranger e arrepio da verdade, descredibilizam a marca Frelimo perante o povo que por ele jurámos lutar, libertar e defender. São actos que corroem o processo democrático, põem em risco a unidade nacional e comprometem a paz que se deseja para o povo Moçambicano,independentemente das opções partidárias.”

Aos seus camaradas, Samora Machel Júnior recorda que “A Frelimo tem uma longa tradição de democracia interna, de luta pela independência, seguida pela construção de uma nação soberana e agora democrática. Sempre nos orgulhamos de ser um partido comprometido com os anseios do povo: Democracia, Justiça Social e desenvolvimento”.

Para o filho do primeiro presidente da República e segundo presidente da Frelimo, “É lamentável, que em momentos cruciais da nossa vida como são as eleições, interesses pessoais e de grupo se sobreponham ao desiderato colectivo, pondo em causa o nome do partido Frelimo e da nação que um dia ousámos edificar”.

Samora Machel Júnior fala de relatos de acções e comportamentos por parte de membros do partido Frelimo, membros e agentes das autoridades eleitorais, elementos das forças de defesa e segurança, que supostamente, teriam interferido profundamente na integridade do processo eleitoral.
“São acções que vão na contra-mão dos valores fundamentais do nosso Partido, do Estado de direito e da democracia”.

Samora Machel Júnior diz ser necessário que se recupere a confiabilidade das instituições do Estado. Portanto, “É fundamental que se esclareça; esclarecimento esse antecedido de uma exaustiva investigação para identificar os responsáveis. Sem excepções, os culpados devem ser levados a barra da justiça, independentemente da sua filiação partidária. Na nossa democracia, a impunidade não pode, nem deve ser tolerada. Apelamos a CNE, guardião máximo da integridade dos processos eleitorais para que use toda a autoridade e instrumentos ao seu dispor para garantir um desfecho desta eleição que reflita efectivamente as escolhas feitas pelos moçambicanos”.

Voltando-se para a Frelimo que deseja ver, o membro do Comité Central diz mais:

“Ao Partido Frelimo, é imperativo do momento a educação e qualificação de seus membros sobre a importância do respeito aos princípios democráticos, do estado de direito e a vontade do povo expressa nas urnas. A nossa postura em relação aos futuros processos eleitorais deve ser guiada pela ética e integridade, em vez de sentimentos meramente partidários”.

“Não podemos, nem devemos tolerar nas nossas fileiras, indivíduos que cometeram actos condenáveis, pois a nossa conduta não se coaduna com este tipo de postura. Devemos continuar a trabalhar incansavelmente para assegurar que a visão e os princípios fundamentais do partido sejam restaurados e protegidos”

E isso, diz, na carta que estamos a citar, deve ser feito em nome do povo.

“A nossa nação e o nosso povo merecem um sistema democrático credível, sólido e confiável, e é responsabilidade de todos nós, que Moçambique trilhe pelo caminho do progresso democrático. Estamos comprometidos em fazer tudo ao nosso alcance para restaurar a confiança do povo moçambicano nos processos eleitorais ,e assegurar que as próximas eleições sejam justas e livres”
Samora Machel Júnior termina dizendo que a legitimidade da governação depende disso e que sem democracia, não há futuro. E assina pelo próprio nome.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos