Os sobreviventes dos ataques terroristas terão ajuda humanitária da Comunidade dos Países da África Austral, durante o processo de regresso às suas zonas de origem.
A garantia foi anunciada esta segunda-feira, na cidade de Pemba, pela embaixadora do Malawi, durante uma conferência de imprensa que marcou o início de uma visita de trabalho dos embaixadores e altos-comissários da SADC à província de Cabo Delgado.
“Começamos com ajuda militar à SADC, mas, agora, estamos a trabalhar para prestar apoio humanitário às famílias que estão a regressar às zonas de origem, que foram recuperadas desde que a SAMIM iniciou as suas operações de combate ao terrorismo em Moçambique”, confirmou Wizi Moyo, embaixadora do Malawi.
A embaixadora não avançou detalhes sobre a intervenção humanitária, mas revelou a prioridade dos países da SADC no processo de regresso dos deslocados às zonas de origem.
“Sabemos que as vítimas do terrorismo precisam de tudo para voltar à vida normal, mas, de acordo com as nossas capacidades e visão, vamos garantir alimentação para evitar situações de fome nas zonas que estavam em conflito armado”, prometeu Wizi Moyo.
A SADC está a preparar-se para avançar com as acções humanitárias, mas as atenções continuam viradas para a manutenção da ordem e tranquilidade públicas e no combate ao grupo armado que continua a aterrorizar a população.
“Segundo informações, a situação está controlada e algumas zonas abandonadas estão a ser reocupadas pela população, mas a SAMIM continua em acção e em estado de alerta, só vai sair de Moçambique, depois de repor a ordem e segurança para a população e termos a certeza de que eliminamos o terrorismo”, garantiu a representante da SADC na visita de monitoria e avaliação da situação de combate ao terrorismo em Cabo Delgado, sem confirmar nem desmentir sobre a continuidade dos ataques terroristas em Cabo Delgado reportados pela imprensa nacional e internacional, seis meses depois de Moçambique ter recebido ajuda militar externa.
Outra preocupação da SADC, segundo revelou a representante da delegação da SAMIM, que está de visita a Cabo Delgado, está relacionado com a logística militar e os progressos alcançados com a intervenção militar externa no combate ao terrorismo em Moçambique.
“Estamos preocupados com a situação de Cabo Delgado, porque o terrorismo não ameaça apenas Moçambique, mas toda a África Austral, por isso, nesta visita, viemos com o objectivo específico, começando pela avaliação dos avanços registados no combate ao terrorismo, as condições logísticas das Forças Conjuntas da SADC, início de ajuda humanitária às famílias que regressam às zonas que estavam ocupadas pelo grupo armado e, também, viemos preparar a visita dos Chefes de Estado da África Austral à província de Cabo Delgado, de acordo com o que foi decido na reunião da Troika em 2021”, explicou Wizi Moyo, que não avançou datas daquela que poderá ser uma visita histórica em Moçambique, na África Austral e talvez mesmo no mundo que há séculos enfrenta guerras.
A visita, que deverá terminar no próximo dia 3 de Marco, começou com uma reunião com os altos dirigentes militares das Forças Armadas de oito dos dezasseis países da África Austral, que participam directamente no combate armado ao terrorismo em Cabo Delgado.
Segundo o programa, a delegação da SADC deverá deslocar-se ao Teatro Operacional Norte, onde, além das Forças Armadas de Defesa de Moçambique e da República do Ruanda, que está fora da região austral de África, estão instalados milhares de soldados da África do Sul, que lidera a missão da operação militar da SADC, Tanzânia, Malawi, Zimbabwe, eSwatini, Lesotho, Angola, República Democrática do Congo.
A operação militar da SAMIM iniciou em Julho de 2021 e, inicialmente, estava prevista para terminar em três meses, mas, devido à resistência do grupo armado, a sua permanência foi prolongada por um tempo indeterminado.