A Rússia está cada vez mais isolada na Organização das Nações Unidas (ONU), após os países aliados avaliarem que “linhas vermelhas” com a guerra na Ucrânia foram ultrapassadas.
“Desta vez, a Rússia está a importar-se com o isolamento e aí está um óbvio efeito político das resoluções da Assembleia-Geral da ONU, que não têm efeito jurídico, mas que têm esse impacto político. Está a importar-se e está a notar-se não só na linguagem corporal dos diplomatas russos nessas votações, mas também noutros processos e isso é muito importante”, disse à Lusa uma fonte diplomática.
Exemplo desse isolamento foram os recentes resultados de duas resoluções na Assembleia-Geral das Nações Unidas, que, por duas vezes, durante o corrente mês obtiveram uma esmagadora maioria contra a Rússia.
A 2 de Março, por iniciativa da União Europeia, a Assembleia-Geral da ONU aprovou um primeiro texto condenando a Rússia por ter invadido a Ucrânia no dia 24 de Fevereiro.
A resolução foi descrita como “histórica”, por ter obtido 141 votos a favor, 35 abstenções e apenas cinco votos contra.
Cerca de 20 dias depois, a mesma Assembleia-Geral aprovou, com uma esmagadora maioria de 140 votos, uma resolução responsabilizando a Rússia pela crise humanitária na Ucrânia devido à guerra.
Ambas as resoluções obtiveram cinco votos contra: Rússia, Bielorrússia, Síria, Coreia do Norte e Eritreia e as abstenções oscilaram entre 35 e 38, dos 193 Estados-membros das Nações Unidas.
A fonte diplomática destacou que as abstenções de países aliados como Irão, Nicarágua, República Centro Africana e Mali significam que Moscovo foi demasiado longe e ultrapassou aquilo que seria “linhas vermelhas” para esses países.