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Rogério Manjate sugere leitura do novo livro a partir de performance

“Cicatriz Encarnada”. Este é o quinto livro do escritor moçambicano Rogério Manjate que será apresentado, hoje, na Fundação Fernando Leite Couto, em Maputo.

Desengane-se quem pensar que este lançamento vai se parecer com os demais que muito se assistem. Artista que é, Manjate não reduziria seu lado criativo a uma cerimónia tradicional. O também encenador, actor de teatro e cineasta, vai transformar o texto em movimentos, cores, sons e, já agora, em palavras que estarão na representação de Marisa Bimbo, Castigo dos Santos, Assane Cassimo e Venâncio Calisto.

Manjate não deixou que fosse outro a interpretar a sua própria obra. Por que faria, se o teatro corre-lhe nas veias na mesma dimensão que a literatura ou cinema? Para o artista, esta forma transversal de apresentação da sua obra é mesmo com o objectivo de cativar o potencial leitor que, com certeza, acompanhará os 45 minutos preparados para esta “odisseia”.

“Será uma interpretação do que lá está escrito, uma forma de ler o livro e fazer chegar ao leitor”, partilha Manjate, ao mesmo tempo que revela que “há uma imagem que construímos de acordo com o texto”.

Esta é a quinta obra do autor, onde resgata inocentemente anteriores criações, entre contos e poemas, – “Wazi”, “O coelho que fugiu da história”, “Casa em flor”, e “Amor Silvestre” – e dá uma nova identidade as peripécias que lá constam. Na verdade, esta obra faz o retrato do seu percurso como pessoa e como artista e traz à tona aquilo que é o seu olhar, enquanto sujeito poético, perante diversas realizações que o país (e por que não o mundo) nos apresenta.

“Este livro é como se estivesse a escrevê-lo desde o início”, confessa. Mas distancia-se do facto de ser uma poesia autobiográfica, pois não é necessariamente de si que os versos tratam. Para o poeta, nesta “Cicatriz Encarnada” encontram-se também outras entidades que habitam em si.

Noutro momento da entrevista, Manjate disse esperar que os leitores absorvam essa proposta que traz para a leitura do seu livro e que, de facto, mergulhem neste poema que no fundo, pelo seu fio único, é uma narrativa que se constrói do início ao fim do livro.

Escritor é a figura que o artista decidiu hoje tirar da cartola, mas é do teatro que respira ultimamente.

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