No dia 19 de Setembro último, o Governo aprovou a proposta de lei que altera a pauta aduaneira e que visa, entre outros aspectos, introduzir uma sobretaxa de 25 meticais por cada quilograma de roupa usada. Entretanto, os importadores da “calamidade”, nome dado a donativos de roupa usada que se tornaram produto comercial, antevêem dias difíceis para seu negócio.
“Não achamos uma medida boa, porque teremos que aumentar o custo de fardo e isso pode levar os clientes a reduzirem o nível de compra”, desabafa Mohamed Rafik, importador e proprietário de um armazém de fardos, localizado no mercado do Xipamanine, na Cidade de Maputo.
E esse é mesmo o receio de quem vive da revenda dos fardos de roupa usada. No “Xipamanine”, encontrámos Lousada Mondlane e Isabela Sambo, duas revendedeiras que temem que a introdução da sobretaxa venha agravar ainda mais o custo da roupa. Segundo contam, nos últimos cinco anos, o preço médio do fardo aumentou de seis para 16 mil meticais.
“O fardo de roupa para criança custa entre 15 a 16 mil meticais. Agora para conseguirmos, pelo menos, recuperar o valor da compra é um problema sério”, explica Lousada, acrescentado, por exemplo, que a roupa de frio subiu de três mil e quinhentos a sete mil meticais.
Por sua vez, Isabela Sambo diz que “teremos que aumentar o preço pelo qual comercializamos as roupas, para podermos recuperar o nosso investimento”.
Para quem recorre a mercados como este, a fim de adquirir as suas roupas, diz que o maior atractivo é o preço.