Foi retomado, na manhã desta quinta-feira, o julgamento do processo 574/23, que envolve os delegados políticos do MDM na província de Sofala. Os dois delegados são acusados de sequestro e prisão formalmente irregular.
O julgamento foi adiado na terça-feira, porque o juiz solicitou a presença de mais duas pessoas, nomeadamente Elisa Nunguiane, que foi quem deu informações à família do jovem João Wachane Nhamuwe, que supostamente foi sequestrado pelos membros do MDM. E também o oficial da PRM, que esteve em serviço na quarta esquadra da Polícia na cidade da Beira.
Na qualidade de declarante, Elisa Nunguiane disse ao Tribunal que não viu nada. “Apenas ouvi, através de meu neto, que iam pegar alguém”, disse a declarante, acrescentando que não conhece os membros do MDM e não os viu no momento em que ocorreu o referido sequestro.
O advogado dos membros do MDM, Eliseu de Sousa, disse ao Tribunal que, após as suas declarações, Elisa Nunguiane tornou-se irrelevante no processo.
O julgamento prossegue e será ouvido, ainda esta manhã, o agente da PRM.
PRM AINDA SEM PARADEIRO DO JOVEM DESAPARECIDO
A PRM na cidade da Beira diz não saber até agora do paradeiro do jovem alegadamente capturado pelos membros do MDM por estar a registar e a recolher cartões de eleitor no Bairro da Munhava. O juiz exige provas de quem capturou o jovem e o levou até ao comício.
O Ministério Público, o Tribunal assim como os advogados viram, na página oficial do partido MDM da rede social “Facebook”, a apresentação pública do jovem que supostamente esteve a recolher cartões de eleitor.
Durante o julgamento, o juiz disse não estar a ver os delegados do MDM, ora constituídos arguidos, e, de seguida, questionou porque não estão no tribunal o presidente do partido e o cabeça-de-lista do MDM, porque, segundo o juiz, são as pessoas que aparecem com o jovem João Wachane Nhamuwe.
O Agente da PRM, Ivan de Figueiredo, há três meses afecto à quarta esquadra, na qualidade de declarante, esclarece ao Tribunal que não trabalhou na noite do dia 26, período em que ocorreram os factos, mas sim na manhã do dia 27, em que encontrou o processo já em curso. Ivan de Figueiredo afirmou, também, que quem ordenou a detenção dos delegados do MDM foi o comandante da quarta esquadra da PRM.