As negociações sobre a continuidade do acordo dos cereais no Mar Negro retomam, esta quarta-feira, em Istambul, na Turquia. O Objectivo é ultrapassar divergências ente Kiev e Moscovo sobre a exportação de fertilizantes russos.
Segundo o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Vershinin, citado pelo Notícias ao Minuto, estarão na mesa redonda a Ucrânia, Rússia, Turquia e ONU.
A actual validade do acordo expira no dia 18 de Maio e a Rússia ameaçou não prorrogar o protocolo se as suas exigências não forem atendidas.
O Kremlin aceitou renovar o acordo por apenas 60 dias e não 120, como Kiev e a ONU pediam, deixando claro que é muito importante para Moscovo a parte do acordo relacionada com a exportação de cereais e fertilizantes russos.
Os Estados Unidos e o Reino Unido pediram juntamente na terça-feira a extensão do acordo, acusando a Rússia de continuar a usar alimentos “como uma arma”.
O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, criticou ações de bloqueio de Moscovo com consequências na redução de alimentos nos mercados globais e nos países mais vulneráveis em África, Médio Oriente e outras regiões do mundo.
Além da exigência da exportação dos seus produtos, Moscovo aponta dificuldades devido aos efeitos colaterais das sanções que o Ocidente lhe impôs após a invasão da Ucrânia, a 24 Fevereiro de 2022.
Por sua vez, a Ucrânia, acusa a Rússia de colocar todos os tipos de obstáculos à passagem de navios com cereais ucranianos.
O acordo de exportação de cereais ucranianos e produtos agrícolas russos através do Mar Negro foi firmado no verão de 2022 em Istambul pela Ucrânia e pela Rússia, sob a mediação da ONU e da Turquia.
Segundo dados da ONU, as exportações de cereais e alimentos facilitadas pelo acordo do Mar Negro já estão perto de 30 milhões de toneladas desde que entrou em vigor em Agosto do ano passado.
Segundo o acordo, todos os navios participantes nesta iniciativa devem ser inspecionados, num processo que ocorre em águas turcas por especialistas das quatro partes, tanto a caminho dos portos ucranianos como nas partidas.
Rússia e Ucrânia mantêm divergências sobre o acordo, e nos últimos tempos o ritmo das inspeções diminuiu significativamente, até que no domingo e na segunda-feira houve um bloqueio total, sem que nenhuma tenha sido realizada.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, enviou a Moscovo e às partes uma proposta escrita para alargar e alargar o acordo, mas até terça-feira não tinha resposta do Kremlin.