Na cidade de Maputo, a retenção dos doentes do HIV/SIDA no tratamento e a exiguidade de fundos ainda comprometem as metas de luta contra a doença.
As esses obstáculos acrescem-se as questões de obscurantismo e a estigmatização como algumas das causas da desistência da toma dos anti-retrovirais, segundo o Núcleo do Conselho Provincial de Combate ao HIV/SIDA, durante o balanço das suas actividades referente a 2018 e primeiro trimestre de 2019.
O Núcleo fez saber que a adesão ao tratamento da doença na capital do país continua a ser um desafio para as instituições que trabalham na área, comprometendo, desta forma, as metas que preconizam que até 2020 pelo menos 90 por cento das pessoas já tenham conhecimento da sua seropositividade, outros 90 por centro estejam em tratamento e outros 90 por cento com supressão viral ou seja com a carga viral indetectável. Dados do relatório do Conselho Provincial de Combate ao HIV/SIDA apresentados esta quinta-feira em Maputo mostram que muitas das pessoas infectadas e já em tratamento desistem da medicação ou não tomam de forma correcta.
“A retenção das pessoas que estão em tratamento é uma questão de fundo e que muito nos preocupa, porque muitos (enfermos) iniciam com o tratamento mas não o fazem até ao fim. Uns desistem e outros interrompem”, explicou o secretário executivo do Conselho Provincial de Combate ao HIV/SIDA, Samuel Quive.
De acordo com a fonte, há registo de resultados em petizes infectados pela chamada pandemia do século e em tratamento. “As crianças em tratamento, sem interrupção durante 12 meses”, representam “cerca de 70 por cento. Isto é animador”.
Contudo, em adulto, a satisfação não é de todo em todo grande, pois “temos cerca de 67 por cento”, em tratamento. “O ideal seria atingirmos 100 por cento”, disse Samuel Quive. Em termos de baixos níveis de vírus no sangue, o que permite que o mesmo seja indetectável, na cidade de Maputo a indicação é de que das 146 mil pessoas infectadas, apenas 70 080 (48 por cento) estão em situação de não transmissão do vírus.
A desistência ao tratamento não tem sido a única preocupação do Núcleo do Conselho Provincial de Combate ao HIV/SIDA. A exiguidade de verbas para implementar as actividades de resposta à doença é também constrangimento.
“Este ano não tivemos fundos para apoiar as organizações comunitárias de base. Mesmo assim, as 17 organizações existentes no país (e envolvidas na causa da pandemia) tem financiado estas organizações de base, não havendo orçamento do Governo”, explicou Samuel Quive.
O Núcleo do Conselho Provincial de Combate ao HIV/SIDA está, neste momento, empenhada na mobilização comunitária, com vista a uma maior adesão e retenção das pessoas em tratamento anti-retroviral. Existe a nível da capital do país 35 unidades sanitárias em condições de administrar a medicação aos pacientes.