A Federação Moçambicana de Futebol (FMF) diz que o treinador-adjunto dos Mambas, Tiago Matos, teve muitas vias para que obtivesse o visto de trabalho, todavia não quis colaborar, tendo em conta que não disponibilizou os documentos pessoais para o efeito.
Já é um facto! Em tão curto espaço de tempo, o casamento entre Tiago Matos e a FMF chegou ao fim, uma relação que, de resto, foi passageira e com troca de farpas no meio. Muito se disse e se escreveu, a verdade é que o organismo que tutela o futebol moçambicano veio a terreiro para dissipar equívocos e esclarecer algumas zonas de penumbra em relação ao assunto.
Após o técnico português ter sido retido e, posteriormente, recambiado para Portugal, por falta de visto de trabalho para entrar no país, para onde vinha juntar-se à selecção nacional, que tinha dois compromissos para as qualificações ao CAN-2023 diante do Ruanda e Benim, seguiram momentos de incerteza no seio do combinado nacional.
Tiago Matos desfalcou a equipa técnica dos Mambas, tendo, na altura, Chiquinho Conde dito que a ausência do seu adjunto, apesar de não comprometer o trabalho do combinado nacional, afectava um pouco o decurso da preparação das duas partidas que tinham pela frente.
Segundo Gervásio de Jesus, várias foram as tentativas desencadeadas para permitir que o técnico português fizesse parte do resto do grupo, todavia ele preferiu regressar ao país de origem.
“Faltou um pouco de interesse da parte de Tiago Matos, pois ele deveria ter entregado documentos pessoais ao consulado de Moçambique em Portugal, todavia não quis colaborar”, diz Gervásio de Jesus, ajuntando que a FMF não tinha o que fazer, pois tudo cabia à responsabilidade pessoal do treinador.
Esclareceu ainda que Tiago Matos usava o visto de turismo, o qual é renovável a cada três meses, visto que o de residência ainda não havia saído, tendo em conta que o procedimento para a sua obtenção leva muito tempo.
Mais tarde, segundo disse, a dada altura, Tiago Matos exigiu à FMF para que fixasse a sua residência em Portugal, devendo vir a Moçambique juntar-se aos Mambas sempre que houvesse jogo, algo que prontamente foi rejeitado pela direcção de Feizal Sidat, na medida que já havia criado condições para que ele se instalasse no país, por sinal, seu local de trabalho.
RESCISÃO VIA E-MAIL
Uma vez rejeitada a sua pretensão de residir em Portugal e trabalhar em Moçambique, Tiago Matos enviou à FMF, através de um correio electrónico, uma carta na qual solicitava a rescisão do contrato de forma amigável. Entretanto, o técnico exigiu o pagamento de seis meses de salário em atraso, ao que a FMF anuiu. Após ser retido no aeroporto, Tiago Matos mostrou-se desapontado pela forma como foi tratado. Gervásio de Jesus entende que a decisão do treinador de rescindir o contrato com a FMF não teve nada a ver com esse facto, pois teve todo tipo de chance para evitar a decisão das autoridades.
“Essa decisão é meramente pessoal. A Federação Moçambicana de Futebol tentou encontrar várias alternativas, de modo a que ele estivesse presente nos trabalhos da selecção, mas ele não quis colaborar”, esclarece.
VÍTOR MATINE SUBSTITUI MATOS
A ausência do técnico português nos Mambas deixou uma vacatura na equipa técnica. Para colmatar essa situação, a FMF indicou Vítor Matine para auxiliar Chiquinho Conde.
Sem entrar em detalhe sobre esse assunto, Gervásio de Jesus disse que cabe a Chiquinho Conde escolher com quem quer trabalhar, mas Vítor Matine é um treinador com uma larga experiência, o que já provou aos moçambicanos.
Explicou que Vítor Matine faz parte do Gabinete Técnico da FMF e está disponível a dar a sua contribuição no combinado nacional. Vítor Matine, que vinha a trabalhar com a selecção feminina de futebol, poderá coadjuvar Chiquinho Conde até ao fim da campanha de qualificação ao CAN-2023, cuja fase final será na Costa de Marfim.
“É um treinador que conhece os cantos da casa, por isso não temos dúvidas de que ele dará o seu máximo para que a selecção consiga alcançar resultados positivos”, diz De Jesus.
Gervásio de Jesus esclarece que a Federação Moçambicana de Futebol não terá de pagar nenhuma indemnização ao técnico português, pois a iniciativa de rescisão partiu dele, contrariamente ao que aconteceu com Luís Gonçalves, em que a FMF teve de soltar os cordões à bolsa, após ter submetido queixa junto à FIFA.
“A FMF irá apenas pagar os seus salários em atraso, que são de seis meses, respeitando o período de rescisão, sendo que o último mês foi Março”, esclarece Gervásio de Jesus. À semelhança de Chiquinho Conde, Tiago Matos tinha assinado um contrato de dois anos com a Federação Moçambicana de Futebol.