A Renamo e o MDM dizem que a única solução para pôr fim à crise pós-eleitoral que o país atravessa é a anulação das eleições gerais, do passado dia 9 de Outubro. O PODEMOS, por sua vez, entende que não há necessidade de anular as eleições, desde que seja reposta a vontade eleitoral.
A plataforma de observação eleitoral Sala da Paz juntou, esta terça-feira, vários políticos e a sociedade civil para debater possíveis soluções com vista a acabar com a crise pós-eleitoral no país.
No encontro, a Renamo foi o primeiro partido a apresentar as suas ideias, tendo afirmado que, desde as primeiras eleições multipartidárias no país, em 1994, nunca se aceitou nenhuma verdade eleitoral nas urnas.
“Nós nunca tivemos eleições livres, justas e muito menos transparentes. Nós, como Renamo, olhamos como saída a anulação destas eleições, porque não temos como aceitar os resultados, não temos como aceitar aquilo que aconteceu no dia 9. Foi um crime para a democracia, um atentado contra a paz em Moçambique”, disse Clementina Bomba, secretária-geral da Renamo.
A opinião é partilhada pelo Movimento Democrárico de Moçambique, que entende que o país precisa de uma nova estrutura política, em que a Frelimo passa para a oposição.
“Para sair deste impasse, só há dois caminhos possíveis: o primeiro é a recontagem dos votos, isso significa que se tem de fazer a recontagem das 26 mil mesas de votação e cruzar com os editais para ver se, de facto, aquilo que está nas urnas corresponde ao que foi anunciado. Todos aqui (no evento) temos a plena consciência de que, fazendo a recontagem dos votos, vamos verificar as tais discrepâncias e diferenças dos números que resultaram no do enchimento, assim como da falsificação dos editais e das actas. E a pergunta é esta: será que temos de aceitar os resultados que não correspondem à vontade popular? A resposta é única: não, não e não. Não se pode aceitar aceitar resultados que reflectem a vontade dos eleitores. Assim, resta um único caminho: a anulação das eleições e a sua repetição”, apontou Lutero Simango, presidente do MDM.
Já o Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), formação política que apoia o candidato presidencial Venâncio Mondlane, é contra a anulação do escrutínio e sugere a identificação da raiz do problema e a reposição do que Albino Forquilha chama de verdade eleitoral.
“Qual é o problema que, de facto, existe aqui? Porque só na identificação clara do problema é que podemos conseguir conduzir a algumas soluções. O problema fundamental é mesmo a sonegação da democracia, a fraude eleitoral que aconteceu. Nós temos de saber quem efectivamente planifica, organiza, operacionaliza a fraude eleitoral, porque se não conhecermos o responsável, vamos pegar em qualquer um e responsabilizá-lo por um problema que não sabe. Temos a Frelimo, temos instituições partidarização que estão lá, não cumprir a nossa Constituição, as nossas leis, mas para cumprir o comando de um partido”, avançou Albino Forquilha.
Refira-se que o PODEMOS foi o segundo partido mais votado nas eleições gerais do dia 9 de Outubro, segundo os resultados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições, que ainda aguardam promulgação pelo Conselho Constitucional.
O encontro contou com a presença de vários partidos políticos, e a Frelimo não esteve presente.
nte.