O governo do Zimbabwe anunciou que em breve começará a compensação de 4.500 fazendeiros brancos que foram retirados de suas terras durante a reforma agrária que aconteceu em 2000. A decisão abriu um novo episódio na crise do país.
O governo reservou o equivalente a US$ 18,5 milhões no orçamento deste ano para ressarcir os fazendeiros. Os antigos proprietários de terra insistem que o valor dessas dívidas do Estado é muito maior, algo entre nove e 30 bilhões de dólares.
Contudo, os fazendeiros negros beneficiados pela reforma consideram injusta a decisão do governo de pagar as indenizações.
Segundo o professor da Universidade de Cape Town, na África do Sul, e especialista em reforma agrária, Grasian Mkodzongi, os zimbabueanos acreditam que esse montante poderia ser investido na produção agrícola do país.
“Muitos zimbabueanos negros acreditam firmemente que os agricultores brancos não ‘compraram’ a terra, então por que deveriam ser compensados?”, ressalta.
A reforma agrária aconteceu sob o comando do ex- presidente Robert Mugabe, que comandou o país por 37 anos, no início do século.
Mugabe se propôs a corrigir a história através da expatriação de fazendeiros brancos. Essa política de favorecimento dos negros, no entanto, causou uma comoção global. Diversos países ocidentais declararam sanções comerciais, asfixiando a economia do país.