Os dados são do Ministério da Saúde (MISAU) e dizem respeito aos primeiros semestres dos anos de 2021 e 2022. O MISAU diz que a descriminalização do aborto contribui para que haja redução dos casos.
O aborto é a quinta causa de morte de mães e bebés em Moçambique, o que põe o país na lista dos países com mais casos de mortalidade materno-infantil. Os números até reduziram, se comparado o primeiro semestre do ano passado ao igual período deste ano, houve uma redução de 2 mil para mil e oitocentos casos.
“Apesar de termos diminuído os casos de aborto inseguro, ainda temos um número elevado de gravidezes indesejadas, por isso antes mesmo de falarmos de aborto deveríamos falar de métodos de prevenção”, afirmou a Vice-Ministra da Saúde, Farida Urci.
Contudo, Urci diz que o sector da saúde ainda tem dificuldades de combater o aborto ilegal. Uma delas é convencer as raparigas da zona rural a aderirem aos serviços de aborto seguro.
“Nessas regiões a tendência é de a raparigas recorrer a medicina tradicional para fazer o aborto, que muitas vezes resultam em complicações muito serias que podem ir desde a infertilidade à morte” disse.
Para minimizar o problema, em 2017 entrou em vigor a lei que despenaliza o aborto, que pode ter contribuído para que se aceda ao aborto seguro, dado que de 2020 a 2021, houve um aumento de cinco mil para 22 mil casos de abortos feitos em hospitais.
Todavia, a vice-ministra da Saúde MISAU diz que a lei é pouco conhecida, pelo que decorrem campanhas para a sua divulgação.
Farida Urci falava, esta sexta-feira, em Maputo, no âmbito da conferência alusiva ao dia internacional do aborto seguro celebrado a 28 de Setembro sob o lema “Aborto Seguro em Tempos Incertos”.