O custo de vida tende a melhorar no país. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que a subida do nível geral de preços foi ligeiramente inferior em Novembro deste ano, se comparado com igual mês do ano de 2024.
No mês passado, a subida do nível geral de preços desacelerou para 4,38%, depois de em Outubro ter atingido 4,83%. Trata-se de subidas de preços relativamente mais baixas que as registadas no mesmo período do ano passado.
Contaram para a retracção da subida de preços a redução dos preços dos produtos alimentares e de bebidas não-alcoólicas, serviços de comunicações e mobiliária, equipamentos domésticos e de manutenção, segundo o Banco de Moçambique.
“Foram as componentes que mais contribuíram para a desaceleração da inflação anual em Novembro, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor”, refere o regulador do sistema financeiro nacional no seu site.
De acordo com o INE, as divisões de alimentação e bebidas não-alcoólicas e de restaurantes, hotéis, cafés e similares foram as que tiveram maior aumento de preços, em Novembro, ao variarem com cerca de 9,52% e 9,40%.
Com 9,01%, a cidade de Tete foi a que registou o maior aumento de preços, seguida das cidades de Quelimane (6,32%), Chimoio (5,09%), Xai-Xai (3,86%), Beira (3,68%), Nampula (2,87%) e Maputo (2,77%).
Depois do aumento de 4,15% em Junho, a subida do nível geral de preços manteve-se estável ao longo dos meses seguintes, tendo sido de 3,96% em Julho, 4,79% em Agosto, 4,93% em Setembro e 4,83% em Outubro.
Tal estabilidade foi registada nas últimas duas semanas, segundo a Inspecção Nacional de Actividade Económica (INAE), embora com a tendência de subida de preços de alguns produtos alimentares, como por exemplo, os ovos.
“Verificou-se uma tendência de subida de preços dos ovos, tomate, peixe e frango em Nampula. Há registo de baixa de preços da lâmina de carapau na província de Gaza na ordem de 100 meticais”, disse a inspectora-geral da INAE.
Segundo dados recolhidos pela INAE na última semana de Novembro último e a primeira de Dezembro corrente, o tomate estava mais caro na província de Niassa, chegando a custar 90 meticais por cada quilograma.
Os números foram partilhados pela Inspecção Nacional de Actividades Económicas nesta semana numa conferência de imprensa. Por estarmos nas vésperas do Natal, a instituição pública explicou o que é especulação de preços.
“A especulação de preços ocorre quando o agente económico aplica preços acima da margem do lucro. (…) O máximo de lucro para o grossista é de 10 a 12% e para o retalhista de 20 a 25%”, afirmou a inspectora Shaquila Mahomed.
O “O País Económico” ouviu algumas donas de casa, na Província de Maputo, para entender o que sentiram em termos de variação de preços em Novembro e o que esperam para o Natal e a transição de ano, celebrados nos próximos dias.
A dona Lomina Machanguana, residente do bairro de Mahoche, no distrito de Moamba, lembra que Novembro foi o mês do black friday, no qual se registam vários cortes dos preços, que podem explicar a redução da subida de preços.
“Sim, houve redução de vários preços de produtos básicos domésticos e por aí em diante, mas no princípio deste mês de Dezembro tudo voltou a subir, e de forma exponencial, o que é característico deste mês”, disse a dona de casa.
Lomina conta que em Novembro o preço da batata reduziu para 300 a 350 por cada saco, mas neste mês de Dezembro a mesma quantidade passou a ser vendida por 450 meticais, e espera que nos próximos dias chegue a 500 meticais.
“O que não pode ser – em um mês os preços dispararem desse jeito. Nós comprávamos meio saco de cebola por 160 a 200 meticais, dependendo da qualidade, mas o tomate estabilizou durante todo o ano. O preço do óleo alimentar também baixou, mas aquele de baixa qualidade”, reclamou Lomina.
Com o aumento dos preços no mês de Dezembro, Lomina Machanguana considera que a redução registada em Novembro foi praticamente anulada, por isso antevê uma quadra festiva difícil, pelo que faz apelo às autoridades.
“Então, Governo, estamos a pedir: vejam a situação do povo. Nós precisamos que baixem a comida. Um povo com fome não pode ter um país desenvolvido”, fez o pedido a dona de casa que falava na Cidade de Maputo.
Por seu turno, Fátima Alberto, nome fictício, residente do Município da Matola, considera que no mercado não houve redução dos preços em Novembro, mas admite que se registou uma estabilidade dos produtos de primeira necessidade.
“No arroz, no óleo alimentar, na cebola, na batata, no açúcar, entre outros produtos, registou-se mais estabilidade em vez de redução como se diz”, considera Fátima Alberto.
Para o mês de Dezembro, Fátima diz não ter feito ainda todas as compras. Nas que conseguiu fazer, diz não ter notado alguma redução. No seu entender, houve uma ligeira subida do nível geral de preços, principalmente dos alimentos.
“No arroz, o preço manteve-se; o açúcar também. Nalguns produtos de crianças houve também estabilidade. Onde penso que houve subida ligeira de uns 25 a 50 meticais é no preço do óleo e da cebola”, disse a residente da Matola.
Para o Natal e reveillon, Fátima clama por uma redução de preços, apesar de o histórico nas principais cidades do país mostrar que tem havido agravamento. Como saída, espera conseguir dinheiro para fazer compras antecipadas.
“Não sei se para este ano será diferente, mas nos anos anteriores os preços têm subido. Eu gostaria que este ano fosse diferente, mas acredito que vão aumentar”, afirmou Fátima Alberto.

