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Realidade social da periferia e a educação formal oferecida: reflexão

Vivemos num planisfério com políticas brilhantes de acesso à educação. A educação é consagrada como direito fundamental do cidadão quase em todas sociedades do globo. Porém, o acesso a uma educação de qualidade, muitas vezes é condicionado pela pertença da classe social do indivíduo. O receio de igualdade na aquisição de conhecimento, faz com que as sociedades tenham dois tipos de educação: Uma educação aprimorada, que preocupa-se em adoptar o indivíduo com conhecimento (habilidades técnicas, competências e o saber fazer com excelência) que o faz competir sem receio em qualquer mercado da vida; e a outra educação é aquela em que não há interesse em apetrechar o indivíduo com ferramentas educativas que o blindem para enfrentar e resistir às adversidades do mercado concorrencial.

É verdade que uma educação de qualidade melhora os índices de cidadania, e isso, pode ser visto como uma ameaça para alta sociedade. A oferta de uma educação classificada é dividida entre os membros da classe social qualificada, enquanto que os membros da periferia são submetidos a migalhas de educação que só servem para melhorar as estatísticas da política de educação formal.

É verdade que as condições sociais ainda determinam a qualidade de educação ofertada. A alta sociedade ainda continua com privilégio exclusivo em frequentar nos melhores ensinos do mundo, e a exclusão educativa de qualidade (falta de profissionais de educação especializados, ausência de bibliotecas e laboratórios, ambiente educativo desfavorável) ainda atinge os que já vem ao mundo com desvantagem económica. A educação devia ser uma luz que brilha as consciências de todas sociedades, independentemente da sua condição ou realidade social.

A condição de vida das sociedades que vivem na periferia é caracterizada por dificuldades imensas, resumidas em insuficiência de recursos que o torna frágil na competição social com os ditos da classe média ou alta. A oferta de uma educação com fraca qualidade, fragiliza de certa forma as sociedades periféricas. A realidade social, tem tanta influência na construção duma sociedade comum.

A educação desprezível fornecida as periferias não cria condições para a preparação do indivíduo que queira se integrar nos vários nichos do mercado competitivo, por ser uma educação “flatus Vocis” (voz vazia). Fornecer uma educação de excelência para todas as classes, e adoptar políticas que permitem modernizar a periferia, pode ser um caminho perfeito para diminuir a marginalidade social que sai da periferia para a alta sociedade ou metrópole, por conseguinte, aumenta as perspectivas para diminuição da pobreza de conhecimento e pobreza económica.
As classes subalternas precisam de estar representadas nos órgãos de tomada de decisão, mas para tal, a escolarização qualificada dessas classes é condição sine qua non. Não se torna competitivo sem conhecimento classificado suficiente. É sabido que o grosso da população em várias sociedades pertence à classe baixa, sendo os da periferia maioritária e menos escolarizados ou com uma educação frágil, o que acaba influenciando de forma significativa na construção ou manutenção do subdesenvolvimento das nações. Freitas (2018) elenca que “A educação baseada na formação e no desenvolvimento humano, que inclui a formação da personalidade cidadã: um antidoto ao comportamento corrupto e criminoso que impede o desenvolvimento socioeconómico, cultural e político das nações”.

A educação tem maior peso no desenvolvimento das nações. A actual realidade socioeducacional é discriminatória. As sociedades para serem justas e alcançarem o desenvolvimento socioeconómico, político e cultural, precisam de ter uma educação que atinge com o mesmo grau de excelência as várias classes sociais. “O conhecimento é indispensável para alcançar o sucesso. Mas vamos deixar claro o verdadeiro conhecimento, não, o falso”, conforme Julio Novoa Cisneros.

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