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Professores marcham em Maputo exigindo melhores condições de trabalho

Foto: O País

Professores marcham na Cidade de Maputo a exigir melhores condições de trabalho
Professores exigem a redução de alunos por turma, a eliminação de turmas ao relento e o pagamento de dívidas do subsídio de horas extras. Os profissionais falavam, esta segunda-feira, durante uma marcha de reivindicação pela melhoria das condições de trabalho.

São professores do ensino primário, secundário e técnico-profissional que saíram à rua, esta segunda-feira, para mais uma marcha de reivindicação.

Com dísticos e panfletos, vestidos de batinas, os profissionais marcharam por algumas avenidas, entoando cânticos de contestação das condições de trabalho, que consideram “péssimas”.

A existência de turmas ao relento e a superlotação de salas de aula, um pouco por todo o país, são algumas das preocupações da Associação dos Professores Unidos (APU).

“Nós temos as nossas crianças a terem aulas embaixo de salas-sombras, o que não se justifica num país como o nosso. Os nossos filhos estão a estudar debaixo de árvores só porque são pobres. Tivemos um regulamento lançado no mês de Dezembro, em que fixa 50 alunos o número máximo por turma, então estamos a exigir ao Governo que cumpra esse número”, disse Avatar Cuamba, presidente da Associação dos Professores Unidos, que, de igual modo, avançou que “se nós tivermos salas acima de cinquenta alunos, vamos cortar a lista e o Governo vai ter de decidir onde vai deixar a outra parte”.

Os professores dizem que o pagamento do subsídio de horas extraordinárias em atraso, há mais de um ano, não passou de promessa do Governo, pois nada está a ser feito.

“Os professores ainda não receberam os subsídios das horas extraordinárias, estamos aqui para confirmar que, até agora, temos mais que a metade sem as suas horas extras pagas. Na cidade da Matola, apenas três escolas é que tiveram o valor este ano e as outras como é que ficam? Queremos que o Governo dê uma estimativa real de quando efectivamente serão pagas as horas extras”, exigiu.

Cuamba foi mais longe, acusando o Governo de obrigar a classe a promover passagens automáticas de alunos sem o aproveitamento necessário.

“Nós, professores, estamos a dizer que os resultados pedagógicos que estamos a fornecer não são reais, são resultados que somos forçados a fabricar, para que o Governo apresente dados bonitos à comunidade internacional. Mas estamos cansados de mutilar os nossos filhos, queremos que estes tenham uma educação condigna, queremos que os nossos filhos acreditem no país que têm e que não vivam dos famosos ‘ways’.”

Os professores querem melhorias das condições de trabalho, por isso deixam recomendações: “Membros da APU e professores em geral, assumam apenas a carga horária normal de aulas, até que sejam liquidadas as dívidas do subsídio das horas extraordinárias, pois, caso contrário, não iremos intervir na resolução da nova dívida. Sintam-se livres para exigir o número de alunos por turma, que vem estabelecido no regulamento e estamos abertos para qualquer denúncia ou reclamação que possa surgir”, apelou Xadreque Sitoe, membro da APU.

Os professores exigem, também, a valorização da sua profissão, pois, segundo dizem, é sempre colocada em último plano.
“O professor precisa de ser visto como um elemento importante para o desenvolvimento deste país. Estamos a fazer esta marcha para exigir que o sector da educação seja colocado em primeiro lugar”, esclareceu.

Esta foi a segunda marcha realizada pelos professores, em menos de um mês, na Cidade de Maputo.
As reivindicações foram feitas esta segunda-feira, faltando dois dias para o arranque do ano lectivo 2024.

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