Hoje, o Tribunal ouviu a pessoa que autorizou a contratação da dívida da EMATUM, no valor de 850 milhões de dólares, Joana Matsombe. A então número três do Banco de Moçambique diz que o processo foi “sui generis” e só assinou, porque sofreu pressão e confiou nos colegas.
Era a número três na hierarquia do Banco de Moçambique e, por isso, um dos nomes mais relevantes da instituição, pelo que se acreditou que teria muito a dizer sobre a autorização de empréstimos para a constituição das empresas caloteiras. Contudo, Joana Matsombe disse que essa “não era a sua praia”.
Os procedimentos para a contratação de dívidas no exterior não são a sua praia, contudo arriscou um mergulho no processo da EMATUM, autorizando o empréstimo de 850 milhões de dólares.
“Nem o governador, nem o vice estavam no dia em que o processo chegou. Na minha qualidade de número três do Banco de Moçambique, eu tive que assinar. Disseram-me que o documento era urgente. Havia muita pressão vindo de fora”, declarou.
Tanta pressão externa que sequer deu tempo para ler o contrato de financiamento que estava a ser assinado.
“Não li os documentos. Vi as assinaturas do Ministério das Finanças e de outros departamentos do Banco por onde o documento tinha passado. Não havendo aparentes incongruências, nada mais me coube senão assinar. Aliás, dizia-se que era um documento ligado à soberania e segurança do Estado e, nesses casos, temos que ser céleres”, disse.
A declarante diz que, conhecendo o assunto como conhece hoje, teria agido diferente, mas, na altura, havia muitos elementos estranhos.
“O processo foi sui generis, o documento nem levou dois dias a ser analisado e foi aprovado”.